Com protestos que duram sete meses, moradores de Hong Kong buscam casas no exterior

Com protestos que duram sete meses, moradores de Hong Kong buscam casas no exterior

Manifestações que eclodiram em junho prejudicaram a economia da região e não há sinais de que diminuirão em 2020

AE

Nem mesmo a véspera de Natal afastou manifestantes das ruas

publicidade

Moradores de Hong Kong procuram casas pelo mundo na medida em que os protestos antigoverno aumentam na região e devem continuar no próximo ano. Corretores de imóveis da Austrália ao Canadá registraram um aumento da procura por opções fora do centro asiático. "Houve um aumento da procura de investidores com sede em Hong Kong para outros mercados imobiliários como Austrália, Japão e Estados Unidos", afirmou Ben Burston, economista da Knight Frank LLP na Austrália. As manifestações que eclodiram em junho prejudicaram a economia da região e não há sinais de que diminuirão em 2020. 

Nesta terça-feira, a polícia disparou gás lacrimogêneo contra milhares de manifestantes, muitos usando máscaras e chifres de rena, depois de brigas em shoppings e em um distrito turístico. As manifestações ampliaram o caos na véspera de Natal. Os manifestantes dentro dos shoppings jogaram guarda-chuvas e outros objetos contra policiais, que responderam batendo em alguns deles com cassetetes. Um deles apontou a arma para a multidão, mas não atirou. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes que ocupavam as ruas do lado de fora dos shoppings e hotéis de luxo.

Muitas famílias com crianças se reuniram na mesma área para ver as luzes de Natal na avenida no distrito turístico Tsim Sha Tsui East, em Kowloon, o espetacular cenário da ilha no lado oposto do porto. Nos últimos seis meses, a polícia disparou 16 mil projéteis de gás lacrimogêneo e os protestos destruíram meios de transportes e lojas consideradas pró-China.

O movimento

Os protestos, agora em seu sétimo mês, perderam parte da escala e intensidade de confrontos violentos. Mas uma manifestação pacífica no início deste mês ainda atraiu 800 mil pessoas, segundo os organizadores. Dezenas de manifestantes vestidos de preto e máscaras entoavam slogans como "Revive Hong Kong, a revolução do nosso tempo" e "Independência de Hong Kong" enquanto percorriam os shoppings. "Muitas pessoas estão comprando, por isso é uma boa oportunidade para espalhar a mensagem e dizer às pessoas pelo que estamos lutando", disse Ken, um estudante de 18 anos. "Lutamos pela liberdade, lutamos pelo nosso futuro".

Em um shopping no distrito de Mong Kok, também na península de Kowloon, a polícia usou spray de pimenta para dispersar alguns manifestantes. A Frente Civil dos Direitos Humanos, que organizou algumas das marchas que envolveram mais de um milhão de pessoas, se candidatou para realizar outra marcha no dia de ano-novo.

A polícia prendeu mais de 6 mil pessoas desde junho, incluindo um grande número durante um cerco prolongado e violento na Universidade Politécnica de Hong Kong, em meados de novembro. Muitos moradores de Hong Kong estão zangados com o que consideram intromissão de Pequim nas liberdades prometidas à ex-colônia britânica quando ela voltou ao domínio chinês em 1997. A China nega interferências, diz estar comprometida com a fórmula "um país, dois sistemas" e culpou as forças estrangeiras por fomentarem agitações.

 

Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895