Conferência de Abu Dhabi aprova fundo para preservar patrimônio em risco

Conferência de Abu Dhabi aprova fundo para preservar patrimônio em risco

Além da reserva financeira, reunião criou rede de refúgios para bens culturais ameaçados por conflitos

AFP

Templo de Palmira, no Irã, foi destruído pelo Estado Islâmico

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Representantes de 40 países se comprometeram neste sábado em Abu Dhabi a criar um fundo de proteção do patrimônio da humanidade e uma rede de refúgios para bens culturais ameaçados por conflitos. Estes dois compromissos estão incluídos na "Declaração de Abu Dhabi", adotada por consenso na conferência convocada após as destruições cometidas pelos extremistas em Iraque, Síria, Mali e Afeganistão nos últimos anos.

"Nos comprometemos a manter dois objetivos ambiciosos e perenes para garantir a mobilização da comunidade internacional em favor da preservação do patrimônio", afirma a declaração.

Por um lado, "a constituição de um fundo internacional para a proteção do patrimônio cultural em perigo em período de conflito armado, que permitiria financiar ações de prevenção ou de urgência, lutar contra o tráfico ilegal de bens culturais, assim como participar da restauração de bens culturais danificados".



Por outro lado, "a criação de uma rede internacional de refúgios para proteger de forma temporária os bens culturais em perigo devido a conflitos armados ou terrorismo, em seu território (...) em um país limítrofe, ou, em último recurso, em outro país, de acordo com as leis internacionais e a pedido dos governos afetados".

Esta declaração foi adotada por consenso na presença do presidente francês, François Hollande, do príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed ben Zayed al Nahyan, e da diretora-geral da Unesco, Irina Bokova. Hollande confirmou que a sede do fundo financeiro será localizada em Genebra, Suíça, e que o objetivo é arrecadar 100 milhões de dólares (93,7 milhões de euros), 30 dos quais serão doados pela França.

Se o objetivo de 100 milhões de dólares for superado, "não nos queixaremos e não rejeitaremos nenhum gesto adicional", acrescentou o presidente francês. Antes da declaração final, outros Estados, entre eles a China e várias monarquias do Golfo, manifestaram sua intenção de fazer um esforço financeiro, sem informar, no entanto, o montante.

Zonas refúgio

Em relação ao outro objetivo da conferência, a criação de uma rede internacional de zonas refúgio, certos Estados, como Bósnia-Herzegovina, disseram estar dispostos a formar parte desta rede. Outros, por sua vez, como Egito, mostraram mais reservas, informou um delegado antes da aprovação da declaração.

Dirigindo-se à tribuna, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, declarou que o processo de "zonas refúgio" deveria ser a "última opção" e que é preciso estabelecer garantias para a "restituição em total segurança" dos bens culturais aos seus países de origem.

Na manhã deste sábado, aproveitando sua presença na capital dos Emirados Árabes Unidos, Hollande visitou o local das obras do Louvre de Abu Dhabi, considerado "o primeiro museu universal no mundo árabe", símbolo de "abertura" e "tolerância". Em alusão à proteção do patrimônio, o presidente francês falou de um "conflito entre a civilização, a humanidade e a barbárie". O Louvre de Abu Dhabi "tem o poder de enviar uma mensagem de paz, de diálogo, de compreensão e de inteligência", acrescentou.

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