Coronavac tem 86,3% de efetividade contra mortes, aponta estudo realizado no Chile

Coronavac tem 86,3% de efetividade contra mortes, aponta estudo realizado no Chile

Pesquisa feita com 10,2 milhões de pessoas é primeira que prova efetividade da vacina publicada em revista científica

AE e Correio do Povo

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A polêmica que se criou em torno da efetividade da Coronavac após surtos de Covid-19 no Chile, mesmo com a vacinação avançada, pode estar perto de acabar. Estudo publicado na quarta-feira no New England Journal of Medicine mostra que o imunizante teve 86% de eficácia na prevenção de mortes causadas pela doença no país andino. A pesquisa foi realizada com o acompanhamento dos resultados de 10,2 milhões de pessoas vacinadas com as duas doses da Coronavac.

É o primeiro estudo de efetividade da vacina publicado em uma revista científica. Até então, essa era uma das críticas que o imunizante da chinesa Sinovac recebia. Entre as pessoas que foram totalmente imunizadas, a eficácia da vacina ajustada foi de 65,9% para a prevenção de Covid-19, 87,5% para a prevenção de hospitalização. para a prevenção de admissão na UTI, e 86,3% (IC 95%, 84,5 a 87,9) para a prevenção de morte relacionada a Covid-19. Para a prevenção de admissão na UTI, o percentual foi ainda maior, de 90,3%

"É o primeiro artigo sólido, publicado na revista mais conceituada do mundo. Os resultados falam por si. A Coronavac tem um excelente desempenho naquilo que mais importa que é salvar vidas", diz Alexandre Naime, médico infectologista e professor da Unesp. "É um resultado sólido que contraria as fakenews dos 'antivaciners' mostrando que toda vacina conta e impulsiona a necessidade de reforçar a vacinação", acrescenta o especialista. 

Para abordar uma preocupação potencial de que a eficácia da vacina observada pode ter sido impulsionada pelo acesso aos cuidados de saúde, conduzimos uma análise no subgrupo de pessoas que se submeteram a um teste de RT-PCR (98,1%) ou teste de antígeno (1,9%) durante o período de análise. Os resultados, condicionados à realização do teste, mostraram efeitos maiores para a vacinação do que quando incluímos a coorte completa.

Embora a vigilância genômica para o SARS-CoV-2 no Chile tenha relatado a circulação de pelo menos duas linhagens virais consideradas variantes preocupantes, P.1 e B.1.1.7 (ou as variantes gama e alfa, respectivamente), os pesquisadores não dados representativos para estimar seu efeito sobre a eficácia da vacina. O grupo aponta que os resultados de um estudo de desenho com teste negativo da eficácia da Coronavac em profissionais de saúde em Manaus  mostraram que a eficácia de pelo menos uma dose da vacina contra Covid-19 foi de 49,6%.

"Embora as estimativas de eficácia da vacina no Brasil não sejam diretamente comparáveis ​​com nossas estimativas devido a diferenças na população-alvo, o esquema de vacinação (uma janela de 14 a 28 dias entre as doses é recomendada no Brasil) e o status da vacinação, destacam a importância do monitoramento contínuo da eficácia da vacina", concluem.

Chile tem melhor desempenho de vacinação na América Latina

Cerca de 55% da população chilena já está protegida pelas duas doses, o melhor desempenho na América Latina. Lá, estão sendo aplicadas as vacinas Pfizer, CoronaVac, CanSino e AstraZeneca. A Coronavac foi a mais usada com 17,2 milhões de doses, seguida pela Pfizer com 4,3 milhões, AstraZeneca, 355 mil e CanSino, 296 mil.

No Brasil, a Coronavac é produzida no Instituto Butantan. Apesar de ter sido primeira vacina a ser utilizada na campanha de imunização e a mais usada até abril, ela é constantemente alvo de críticas. "É provavelmente a vacina que mais salvou vidas, milhares, no Brasil. Ela vai ficar para sempre na história", afirma Naime.


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