Corrida para suceder Theresa May começa no Reino Unido

Corrida para suceder Theresa May começa no Reino Unido

Substituto deverá lutar pela aprovação do Brexit

AFP

Boris Johnson é favorito para assumir posição de primeira-ministra

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Nada parece deter o ex-ministro pró-Brexit Boris Johnson, apontado pela imprensa e por vários analistas como o grande favorito entre os 11 candidatos conservadores que iniciam nesta segunda-feira a disputa para suceder a primeira-ministra britânica Theresa May. Nove homens e duas mulheres já manifestaram o interesse em liderar o Partido Conservador e substituir May, que como estava previsto renunciou na sexta-feira ao comando dos "Tories".

O vencedor terá acesso automático a Downing Street, sede da chefia de Governo, que é ocupada pelo líder do partido com maioria parlamentar suficiente para governar. O inquilino de Downing Street terá a delicada tarefa de concretizar a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), algo que Theresa May não conseguiu, o que levou ao adiamento da data do Brexit, prevista inicialmente para 29 de março e agora programada para 31 de outubro.

Johnson, favorito das casas de apostas, projeta para o Reino Unido um futuro radiante fora da UE e promete batalhar duro nas negociações sobre o Brexit. Em entrevista ao jornal Sunday Times, ele ameaçou não pagar a conta do Brexit - de entre 40 e 45 bilhões de euros - se a UE não aceitar condições melhores para seu país.

Este cenário pode provocar a revolta dos líderes europeus contra Johnson. "Não cumprir com suas obrigações de pagamento é não respeitar um compromisso internacional, equivalente a um 'default' sobre sua dívida soberana, com as consequências que conhecemos", advertiu no domingo à equipe do presidente francês Emmanuel Macron.

Johnson prevê ainda reduções de impostos para os britânicos que ganham mais de 50 mil libras, uma medida que teria um custo de bilhões por ano e que seria parcialmente financiado pelo dinheiro economizado pelo governo na eventualidade de um Brexit sem acordo, indica o Telegraph. Ao prometer intransigência com a UE e um estilo unificador no país, Boris Johnson se apresenta como o único capaz de impedir um desastre total para os conservadores, atacando seus dois adversários: o Partido do Brexit, grande vencedor das eleições europeias, e o principal partido de oposição, o Trabalhista.

Os "Tories" enfrentam graves dificuldades: os conservadores ficaram em um humilhante quinto lugar nas europeias de maio e em uma eventual eleição legislativa ficariam em quarto lugar, com apenas 10% dos votos, de acordo com uma pesquisa Yougov realizada nos dias 5 e 6 de junho. A sobrevivência do partido dependerá da capacidade, ou não, de seu líder de aplicar o Brexit, três anos depois do referendo de junho de 2016, quando os favoráveis à saída da UE venceram com 52%.

"Seriedade"

Ao iniciar a campanha nesta segunda-feira, dois dos principais adversários do ex-prefeito de Londres, o ministro do Meio Ambiente, Michael Gove, e o titular das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, pretendem destacar sua "seriedade" em relação a Johnson, que cometeu uma série de gafes quando comandava a diplomacia britânica. O próximo líder dos conservadores deverá dominar "a arte da negociação, não a arte da retórica vazia", afirmou Hunt, em uma crítica indireta ao rival.

Durante o fim de semana, Hunt declarou estar "absolutamente seguro de que se for adotado um bom enfoque sobre o tema, os europeus estariam dispostos a negociar", com base em uma conversa que afirma ter mantido com a chanceler alemã Angela Merkel. Os 27 países da UE reiteraram, no entanto, que não modificarão o acordo de saída da UE concluído em novembro entre Londres e Bruxelas, que foi rejeitado três vezes pelos deputados britânicos.

As tentativas de Gove de apresentar-se como alternativa confiável podem terminar em frustração, depois que o ministro se viu envolvido em uma polêmica por admitir que usou cocaína há mais de 20 anos. Os deputados conservadores eliminarão os candidatos após uma série de votações, até que permaneçam apenas dois. Então corresponderá aos 160 mil membros do partido designar um vencedor, que deve entrar em Downing Street até o fim de julho. Theresa May permanecerá como primeira-ministra interina até a data.


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