Costa-riquenhos votam em eleição marcada pelo discurso religioso
Pesquisa de opinião aponta que 36,5% dos eleitores não sabem em quem votar
publicidade
As pesquisas de opinião mostram níveis de indefinição nunca antes vistos na reta final de uma eleição na Costa Rica. Uma pesquisa do Centro de Investigação e Estudos Políticos (CIEP), divulgada em 31 de janeiro, mostrou que 36,5% dos eleitores não sabem em qual dos 13 candidatos votar, mais que o dobro dos 17% de apoio para Fabricio Alvarado, que lidera a disputa, um deputado e pastor evangélico de 43 anos, candidato à presidência pelo partido Restauração Nacional.
A ele seguem o ex-deputado e advogado Antonio Alvarez, de 59 anos, do tradicional Partido Liberação Nacional (PLN), com 12,4%, e o ex-ministro e jornalista Carlos Alvarado, de 38 anos, do governista Partido Ação Cidadã (PAC), com 10,6%. Se ninguém alcançar pelo menos 40% dos votos, haverá segundo turno no dia 1o. de abril.
Fabricio Alvarado, que em dezembro estava com 3% das intenções, disparou nas pesquisas por sua postura contrária ao casamento gay após uma declaração realizada em 9 de janeiro pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) a favor da união homossexual.
Religião, corrupção e crime
O cientista político Felipe Alpínazar, diretor do CIEP, explicou que o apoio ao deputado evangélico se explica pela tendência conservadora da sociedade costa-riquenha, que na proporção de dois para um se posiciona contra temas como o casamento homossexual, uso recreativo de maconha e o Estado laico.
Antes da declaração da CorteIDH, a campanha era dominada pela rejeição à corrupção, provocada por um escândalo de importação de cimento chinês, que revelou uma rede de tráfico de influências atingindo os três poderes do Estado.
A insegurança também motiva a intenção de voto dos costa-riquenhos diante de um drástico aumento no número de homicídios, que em 2017 alcançou 12,1 por casa 100.000 habitantes, o mais alto da história do país.
Para o analista político independente Jorge Vega, "a indecisão nesta fase da campanha mostra uma maturidade maior do eleitorado, que prefere esperar para ver os debates antes de se decidirem", comentou Vega à AFP.
Vega destacou que a eleição tem sido volátil, com eleitores que em um momento apoiam um candidato e depois se inclinam para outro, o que torna impossível prever como votarão os costa-riquenhos neste domingo.