Cuba sofre apagão após a passagem do furacão Ian

Cuba sofre apagão após a passagem do furacão Ian

Fenômeno vai se aproximar da Costa Oeste da Flórida, nos Estados Unidos

AFP

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O potente furacão Ian atravessou desde a madrugada de terça-feira (27) o oeste de Cuba e deixou o país no escuro com um apagão generalizado ao danificar a rede de energia elétrica, além de derrubar árvores e provocar outros danos, antes de seguir em direção ao estado americano da Flórida. "Não há serviço de energia elétrica em nenhuma área do país no momento", declarou na terça-feira à noite Lázaro Guerra, diretor técnico da estatal União Elétrica.

As pessoas caminhavam pelas ruas com o auxílio da luz de seus telefones. O ministério de Minas e Energia citou uma "condição excepcional", cuja solução exige "muita precisão", e afirmou que o serviço será restabelecido de forma paulatina durante as próximas horas no país de 11,2 milhões de habitantes. O furacão de categoria 3, que tocou o solo de madrugada na província de Pinar del Río, oeste de Cuba, estava a 375 quilômetros de Sarasota, Flórida, na tarde desta terça-feira, e avançava com ventos sustentados de 195 km/h e uma velocidade de 17 km/h.

O Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos prevê que "Ian se aproximará da costa oeste da Flórida como um furacão intenso extremamente perigoso". Embora o furacão tenha saído da ilha, em várias províncias ocidentais, Havana inclusive, prosseguiam os ventos e as chuvas, com uma faixa periférica de 600 quilômetros. A caminho San Juan y Martínez, a 190 quilômetros de Havana, um dos locais mais castigados e área de plantações de tabaco em Pinar del Río, há cultivos inundados, árvores arrancadas, muitas como se tivessem sido cortadas com um machado, constataram jornalistas da AFP.

No povoado de Consolación del Sur, Caridad Fernández, uma dona de casa de 65 anos, contempla o desastre da soleira de sua casa inundada, com os colchões molhados. As telhas foram levadas pelo furacão. "Tudo ficou danificado, mas o que temos é a fé em manter a vida. Tudo tem solução, exceto a morte", diz a mulher com olheiras profundas após uma longa noite.

Apocalíptico

O tabaqueiro Yuslán Rodríguez, de 37 anos, percorre nove casas de tabaco quase destruídas, inclusive a dele. "Não sei o que vamos fazer este ano com a campanha (semeadura)", diz, inconsolável. "Não é (apenas) esta casa de tabaco, são todas as casas de tabaco de Consolación del Sur". Em San Juan y Martínez, a região que produz a melhor folha de tabaco para os charutos cubanos, "foi apocalíptico, um verdadeiro desastre", disse no Facebook Hirochi Robaina, da fazenda Robaina, uma prestigiosa plantação de tabaco fundada em 1845, a 30 quilômetros da cidade.

Telhados e janelas foram arrancados, há prédios desabados e escombros espalhados pelo chão. As fotos publicadas por Robaina dão conta da violência do furacão. O presidente Miguel Díaz-Canel visitou nesta terça a região mais afetada de Pinar del Río. "Os danos são grandes", disse em sua conta no Twitter, assegurando que está enviando ajuda."Confiamos nos 'pinarenhos', povo nobre, trabalhador e com muita experiência nestas situações. Tenham certeza de que vamos nos recuperar", informou.

Cerca de 40 mil pessoas foram evacuadas em Pinar del Río até a madrugada, informou a primeira secretária do governista Partido Comunista da província, Yamilé Ramos. Na capital, informou-se que 4 mil pessoas seriam evacuadas. Galhos de árvores obstruíam as ruas, enquanto que os ventos carregaram telhados de zinco e placas de trânsito. A telefônica do Estado Etecsa informou que houve danos sérios em torres e postes e que o serviço de telefonia móvel e de internet foi afetado na capital, assim como em Pinar del Río e Artemisa.

Fortes chuvas e ventos

No estado americano da Flórida, os moradores também se preparavam para a chegada iminente de Ian, depois que o governador Ron DeSantis declarou nesta segunda estado de emergência em 67 condados. "Durante a noite e esta manhã, alguns modelos realizados projetam que tocará o solo ao sul da baía de Tampa", disse o governador em coletiva de imprensa na terça, ao detalhar que poderia chegar a Sarasota.

"É preciso entender que os impactos serão muito maiores", com "inundações catastróficas e marés de tempestade que ameaçam a vida", afirmou. Em Tampa, funcionários entregavam sacos de areia grátis para proteger as propriedades da água.

Amanda Harrison esperou horas para conseguir os sacos de areia. "Minha esperança é poder conseguir o maior número de bolsas. Meu medo é que não sirvam para nada", disse em Tampa esta mulher de 66 anos. O presidente americano, Joe Biden, decretou, ainda, o estado de emergência na Flórida, o que permite liberar fundos de ajuda federal.


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