Ebola provoca segunda morte em Uganda

Ebola provoca segunda morte em Uganda

Há ainda três casos de suspeita da doença que se encontram em isolamento

AFP

Uganda está em alerta desde início da epidemia, em agosto de 2018

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O vírus ebola provocou a morte de uma segunda pessoa na região oeste de Uganda, onde as autoridades se esforçam para conter a epidemia detectada em agosto de 2018 na vizinha República Democrática do Congo (RDC), onde deixou mais de 1.400 mortos. A segunda vítima, falecida na noite de quarta-feira, era avó de um menino de cinco anos que faleceu na terça-feira vítima da mesma doença em Bwera, no distrito de Kasese, fronteiriço com a RDC.

As duas vítimas comparecem com outros integrantes da família ao funeral de uma pessoa que foi vítima do vírus Ebola na República Democrática do Congo (RDC). Toda a família retornou a Uganda, onde o ministério da Saúde colocou o grupo em quarentena depois de diagnosticar a contaminação de duas crianças, de 5 e 3 anos, e da avó de 50 anos.

"Neste momento não há mais casos confirmados de ebola em Uganda. No entanto, restam três casos suspeitos, postos em isolamento no hospital de Bwera", destacou o ministério ugandense da Saúde em um comunicado.

Uganda se encontra em situação de "resposta ao ebola", garantindo, por exemplo, o acompanhamento médico de 27 pessoas que tiveram contato com as vítimas, acrescentou o ministério. Segundo a mesma fonte, "o país é seguro" e "os parques nacionais e locais turísticos permanecem abertos".

Vacina experimental

Dos três primeiros casos de contaminação registrados em Uganda, dois resultaram na morte dos doentes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), Uganda imunizou quase 4.700 membros do pessoal sanitário com uma vacina experimental. Uma nova campanha de vacinação começará na sexta-feira para proteger mais funcionários de saúde, segundo o ministério.

O vírus é transmitido ao ser humano por contato com animais infectados (em general ao esquartejá-los, cozinhá-los ou comê-los), ou com fluidos de pessoas infectadas.

Uganda está em alerta desde o início da epidemia em agosto de 2018 no leste da RDC, onde foram registrados mais de dois mil casos de ebola. Dois terços destes doentes morreram.

Nesta quinta, a União Europeia anunciou ter liberado 3,5 milhões de euros (3,95 milhões de dólares) para lutar contra o ebola, dos quais dois milhões e meio para Uganda.

Fronteira porosa

A fronteira entre Uganda e a RD do Congo é muito permeável, já que inúmeras pessoas a atravessam para fazer atividades comerciais ou em busca de cuidados médicos especiais. Vinte e cinco mil pessoas transitam diariamente pelo principal ponto fronteiriço, em Mpondwe, segundo as autoridades congolesas. A OMS informou que doze membros da família afetada foram colocados sob controle na RDC, mas seis deles "escaparam para voltar a Uganda".

O país já sofreu outras epidemias de ebola: a mais recente foi em 2012, e no ano 2000, um total de 200 pessoas morreram no norte do país devido ao vírus. A chegada do ebola é "preocupante, mas nos preparamos há meses" para isto, destacou Robert Kwesiga, secretário-geral da Cruz Vermelha ugandense.

Na RD Congo, a epidemia atual é a décima desde 1976 e a segunda mais grave na história da doença, depois dos 11.000 mortos no oeste da África (Libéria, Guiné, Serra Leoa) em 2014. O país não conseguiu até agora frear a epidemia, sobretudo devido aos ataques das milícias e à hostilidade da população com os centros médicos. A situação é muito mais estável em Uganda, país liderado com mão de ferro desde 1986 pelo presidente Yoweri Museveni.


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