Eclipse total deixa multidão extasiada em observatório no Chile

Eclipse total deixa multidão extasiada em observatório no Chile

Faixa de escuridão total foi do norte chileno ao centro-norte da Argentina

AFP

Sombra da Lua encobriu o Sol por dois minutos

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Um eclipse solar total mergulhou na escuridão, nesta terça-feira, uma faixa de 150 quilômetros no norte do Chile e no centro-norte da Argentina, em uma festa com centenas de milhares de pessoas extasiadas pelo fenômeno. Minutos antes de ocorrer o eclipse total, por volta de 16h39min no horário local (17h39min em Brasília), reinava o silêncio. Mas à medida que o Sol foi escurecendo para dar lugar à penumbra e revelar uma coroa de fogo em volta do astro, surgiram aplausos e gritos entre quem viveu este momento único.

Milhares de pessoas vibraram no topo do observatório La Silla, situado a 2,4 mil metros de altura, nas proximidades de La Higuera. "É impressionante. Mesmo que você saiba o que vai acontecer, é chocante o minuto em que começa a vir a sombra da escuridão e começa esse silêncio", relatou Sonia Duffau, astrônoma chilena. Para o turista René Serey, esta "foi uma experiência para ser vivida várias vezes na vida". 

O interesse despertado por este fenômeno, que pôde ser visto em boa parte do Cone Sul, foi generalizado. Porto Alegre aproveitou o fim de tarde na Orla do Guaíba para vislumbrar o sol quase 70% encoberto. Em Santiago, os terraços dos edifícios altos do centro da cidade, as praças e os parques se encheram de pessoas que, em muitos casos, viam um eclipse pela primeira vez. Na Argentina, o principal ponto geográfico de observação foi a região de Cuyo, onde milhares de pessoas transformaram o fenômeno em um passeio turístico. Na capital, Buenos Aires, não se pôde ver nada pela inclinação do Sol perto do horizonte na hora do fenômeno, além das nuvens e dos edifícios.

"O Chile é hoje em dia a capital do mundo em astronomia", disse o presidente chileno, Sebastián Piñera, que foi até La Silla e depois a La Higuera, um pequeno povoado aos pés do observatório, para observar o eclipse em seu epicentro. "Somos os olhos e os sentidos da humanidade para poder olhar, observar e estudar as estrelas e o Universo", afirmou Piñera. Não é comum que um eclipse total passe justamente sobre um observatório profissional. Operado pelo Observatório Europeu Austral (ESO), La Silla se preparou há anos para viver este momento. "Muito poucas vezes aconteceu que a totalidade de um eclipse seja vista sobre um observatório. A última vez que isso aconteceu foi em 1991", no observatório de Mauna Kea (no Havaí)", diz o astrônomo do ESO Matías Jones. "Os eclipses são uma chance para poder estudar a parte externa da atmosfera, que é a coroa, já que a Lua está tapando toda a parte central do Sol", explica.

Poder prever o momento exato do eclipse é também uma façanha científica. "O fato de que possamos prever que hoje vamos ter um eclipse total em La Silla é um tributo à humanidade", afirmou o diretor-geral do ESO, Xavier Barcons. La Silla foi um dos primeiros observatórios internacionais instalado no norte do Chile, que graças a seu céu virgem concentra quase 45% da observação astronômica mundial, com os mais potentes telescópios e radiotelescópios do mundo. Nos povoados do interior das regiões de Coquimbo e La Serena - a entre 500 e 800 km ao norte de Santiago - vivia-se este momento mágico como uma festa popular, um século depois de que outro fenômeno similar, ocorrido em Sobral no Brasil, permitiu a um grupo de cientistas comprovar pela primeira vez a teoria da relatividade de Albert Einstein e consolidar uma das maiores revoluções da história da ciência.


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