Em formatura militar em West Point, Trump fala em unidade e valores dos EUA

Em formatura militar em West Point, Trump fala em unidade e valores dos EUA

Discurso enfatizou a unidade em um momento em que o relacionamento do presidente com os líderes militares se tornou tenso

AE

"Não somos os policiais do mundo", disse Donald Trump

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, destacou neste sábado a diversidade da turma de formandos da Academia Militar dos EUA em West Point e apelou para que os novos oficiais defendam os valores fundamentais do país. O discurso enfatizou a unidade em um momento em que o relacionamento do presidente com os líderes militares se tornou tenso e surgiram questionamentos sobre o papel dos soldados em uma sociedade civil. Trump também disse que, sob seu governo, os soldados norte-americanos não serão mais responsáveis pela reconstrução de nações estrangeiras.

"Não é dever dos militares dos EUA resolver conflitos antigos em terras distantes das quais muitas pessoas nunca ouviram falar", afirmou. "Não somos os policiais do mundo, mas estejam nossos inimigos avisados: se nosso povo estiver ameaçado, nunca hesitaremos em agir. E quando lutarmos, de agora em diante, lutaremos apenas para vencer."

O discurso de Trump ocorre em meio a discussões sobre sua ameaça de usar tropas norte-americanas em solo dos EUA para conter os protestos decorrentes da morte de George Floyd por um policial de Minneapolis. Para uma audiência de mais de 1.100 pessoas, ele disse que os membros da Classe 2020 "vêm das fazendas e das cidades, dos Estados grandes e pequenos, e de todas as raças, religiões, cores e credos. Mas, quando vocês entraram aqui, tornaram-se parte de uma equipe e uma família, servindo orgulhosamente uma nação americana".

O presidente disse que os formandos "se tornaram irmãos e irmãs comprometendo-se a obedecer aos mesmos princípios atemporais, unidos em uma missão comum: proteger nosso país, defender nosso povo e seguir as tradições de liberdade e igualdade que tantos deram suas vidas para garantir".

As tensões entre a Casa Branca e os militares aumentaram desde que começaram os protestos em todo o país pela morte de Floyd, um homem negro que foi preso pelo pescoço por um policial branco por vários minutos, apesar de dizer que não conseguia respirar.

Trump aparentemente aludiu aos protestos, dizendo: "O que tornou a América única é a durabilidade de suas instituições contra as paixões e preconceitos do momento. Quando os tempos são turbulentos, quando o caminho é difícil, o que mais importa é o permanente, atemporal, duradouro e eterno." Segundo ele, da Academia Militar dos EUA vêm "os homens e mulheres que lutaram e venceram uma guerra sangrenta para extinguir o mal da escravidão".

Nas últimas duas semanas, Trump criticou o secretário de Defesa Mark Esper por se opor publicamente ao pedido dele de usar tropas ativas para reprimir as manifestações. Trump também encerrou a tentativa de Esper de abrir um debate público sobre a remoção dos nomes dos oficiais do Exército Confederado das bases militares.

O general Mark Milley, presidente dos Chefes de Estado-Maior, arriscou ainda mais a ira de Trump na quinta-feira ao declarar que havia sido "um erro" acompanhá-lo em uma caminhada de 1 de junho pela Praça Lafayette. A viagem terminou com o presidente segurando uma Bíblia e posando para a mídia do lado de fora da Igreja de São João, que foi danificada pelo fogo durante a agitação. Os comentários de Milley representaram uma expressão de pesar do principal conselheiro militar de Trump, que disse que sua presença levou à percepção de que os militares estavam envolvidos na política, o que, em sua opinião é uma ameaça à democracia.

Os eventos provocaram debates entre militares na ativa e oficiais aposentados. Mais de 500 graduados de West Point de classes de seis décadas assinaram uma carta aberta lembrando à Classe de 2020 o seu compromisso de evitar políticas partidárias.


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