Erdogan descarta prolongar cessar-fogo e ameaça ofensiva "com ainda mais força" na Síria

Erdogan descarta prolongar cessar-fogo e ameaça ofensiva "com ainda mais força" na Síria

Forças curdas afirmam que cumpriram "plenamente" os termos do acordo de trégua negociado entre a Turquia e os Estados Unidos

Correio do Povo e AFP

Erdogan viajou nesta terça-feira à Rússia para conversar sobre a situação no norte da Síria com o presidente russo

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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, descartou nesta terça-feira uma prorrogação da trégua no norte da Síria e ameaçou retomar a ofensiva contra os curdos "com ainda mais força" caso não abandonem a região. Ele descartou a extensão da interrupção, que termina nesta terça-feira, após uma proposta neste sentido apresentada pelo presidente francês Emmanuel Macron a seu colega russo Vladimir Putin durante uma conversa telefônica na segunda-feira. "Não aceitei tal proposta de Macron. Macron se reúne com terroristas e escolheu esta maneira de nos comunicar a proposta dos terroristas", declarou o presidente turco. "O processo termina hoje às 22h (16h de Brasília). Se as promessas feitas pelos americanos não forem respeitadas, a operação será retomada com mais força ainda", destacou.

Até 1,3 mil combatentes das Forças Democráticas da Síria (SDF) ainda estão por desocupar a “zona segura” da fronteira, conforme Erdogan. "Não há lugar para os terroristas no futuro da Síria. Esperamos que, com a cooperação da Rússia, livremos a região do terror separatista ”, afirmou o chefe de Estado do antigo Impértio Otomano, que viajou nesta terça-feira a Sochi, na Rússia, para conversar sobre a situação no norte da Síria com o presidente russo. "A situação na região é muito grave", declarou Putin, antes de manifestar confiança de que o encontro permitiria "encontrar uma solução, inclusive para as questões mais complicadas". 

As forças curdas cumpriram "plenamente" os termos do acordo de trégua negociado entre a Turquia e os Estados Unidos no norte da Síria, disse à AFP nesta terça-feira um líder curdo, poucas horas antes da expiração do acordo. "Cumprimos totalmente os termos do cessar-fogo (...) e retiramos todos os nossos combatentes e forças de segurança da área de operações militares", disse Redur Khalil, um dos comandantes das FDS.

A ofensiva turca iniciada em 9 de outubro no nordeste da Síria contra a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG) está suspensa até a noite desta terça-feira, após um acordo de cessar-fogo negociado entre Washington e Ancara. O objetivo da trégua é permitir a retirada das YPG de uma "zona de segurança" que a Turquia deseja criar ao longo da fronteira, para separá-la dos territórios controlados pelos curdos. "Acompanhamos de perto. Este processo não terminará sem uma retirada completa", insistiu Erdogan. O projeto de "zona de segurança", que em um primeiro momento terá 120 quilômetros, da cidade de Ras al Ain até Tal Abyad, deve ser ampliado a 444 km, de Jarabulus à fronteira iraquiana, afirmou Erdogan. 

Após a retirada das tropas americanas do norte da Síria, as forças curdas pediram ajuda ao regime de Bashar al-Assad, que enviou tropas para algumas cidades e complicou o projeto de Ancara. Antes de viajar para a estação balneária russa de Sochi, Erdogan indicou que esta questão também será discutida com Putin.

Assad em Idlib

Ao mesmo tempo, o presidente sírio, Bashar al-Assad, visitou nesta terça-feira uma área próxima da linha de frente no combate com os jihadistas na província de Idlib, noroeste do país.  A frente de batalha separa os rebeldes e os jihadistas das zonas controladas pelo exército sírio, que recebe apoio da Rússia. Esta é a primeira visita desde o início da guerra, em 2011, do presidente Assad à região, que resiste às forças de Damasco e é cenário de uma trégua anunciada por Moscou no fim de agosto. Assad afirmou durante a visita que derrotar os jihadistas nesta região é a chave para acabar com a guerra, que já completou oito anos. "A batalha de Idlib é a base para acabar com o caos e o terrorismo em todas as zonas da Síria", afirmou o presidente sírio.

 

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