Erro de percurso de soldados mata uma pessoa e fere 15 na Cisjordânia

Erro de percurso de soldados mata uma pessoa e fere 15 na Cisjordânia

Militares teriam usado aplicativo Waze, que serve para mostrar tráfegos e rotas

AFP

Jovem de 22 anos, estudante de jornalismo, foi morto durante confronto

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Um palestino morreu e 15 pessoas ficaram feridas em confrontos que começaram quando dois soldados israelenses entraram por engano em um campo de refugiados palestinos depois de utilizar um aplicativo de celular para circular pela Cisjordânia ocupada.

Os dois soldados entraram de jipe na noite de segunda-feira no campo de Qalandya, indicaram o exército e a polícia israelenses. Esta incursão provocou rapidamente distúrbios, que se prolongaram por várias horas, antes que as forças israelenses iniciassem uma vasta operação para retirar os dois militares a salvo e evitar um possível linchamento.

Um palestino morreu e outros dez ficaram feridos, indicaram as autoridades palestinas. Do lado israelense, cinco guardas fronteiriços ficaram feridos, um deles gravemente, disse a polícia. Os soldados aparentemente utilizaram o Waze, um aplicativo de tráfego e navegação, disse o ministro da Defesa, Moshe Yaalon, citado por seu gabinete. Este aplicativo, muito usado pelos israelenses, "indicou um atalho entre Jerusalém e Ramallah", na Cisjordânia.

Logo depois de entrar no campo, o veículo foi atacado com pedras e garrafas incendiárias, explicou a uma rádio militar o porta-voz do exército, o general Moti Almoz. Por sua vez, a companhia Waze, propriedade do Google, afirmou nesta terça-feira que o aplicativo de navegação não tinha nada a ver com o fato de os militares terem entrado nesta zona.

Um porta-voz do Waze indicou que os soldados desativaram o parâmetro que evita trajetos perigosos ou que cruzam setores proibidos aos israelenses. Esta opção está ativada na forma padrão, o que significa que os soldados a desativaram deliberadamente, disse. "Além disso, o motorista se afastou da estrada sugerida (pelo aplicativo) e entrou em uma zona proibida", acrescentou.

Um campo de luto

O campo de Qalandya, muito próximo de Jerusalém, mas do outro lado do muro de concreto construído por Israel, é como uma pequena cidade, cheia de becos. "Os dois soldados precisaram abandonar o veículo em chamas. Um se escondeu no pátio de uma casa e atirou para se defender e marcar posição, enquanto o outro fugiu para Kohav
Yaakov", uma colônia israelense próxima.

A chegada dos reforços israelenses provocou novos confrontos. Os palestinos lançaram artefatos explosivos e abriram fogo contra os soldados israelenses. Eles responderam, disse a porta-voz da polícia. As autoridades palestinas identificaram o homem morto como Iyad Omar Sajdia, um estudante de jornalismo de 22 anos. Uma poça de sangue era visível no local onde morreu.

As ruas estavam cobertas de pedras. Todas as lojas do campo fecharam em sinal de luto, à espera do funeral. Qalandya com frequência é palco de confrontos. Um total de 11.000 refugiados que fugiram de suas casas com a criação do Estado de Israel, em 1948, se amontoam neste campo, próximo do muro de separação, segundo a agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA).

Aberto em 1949 com o objetivo de ser provisório, se converteu em uma cidade. Cerca de 60% de seus habitantes têm menos de 25 anos e um morador em cada cinco não tem emprego, segundo a UNRWA. O campo se encontra muito próximo do principal ponto de passagem para os palestinos entre Jerusalém e Ramallah. O local, verdadeira fortaleza israelense, é encarado pelos palestinos como um símbolo da ocupação. 



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