EUA abre temporada de convenções partidárias com refletores virtuais sobre Biden

EUA abre temporada de convenções partidárias com refletores virtuais sobre Biden

Evento terá a presença dos ex-presidentes dos Estados Unidos Bill Clinton e Barack Obama

AFP

Evento acontecerá de forma virtual devido à pandemia da Covid-19

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O Partido Democrata abre neste segunda-feira (17) uma convenção virtual sem precedentes, na qual as diversas alas devem expressar apoio a Joe Biden, com o objetivo comum de vencer o presidente Donald Trump nas urnas. 

"É absolutamente imperativo que Donald Trump seja derrotado", declarou ao canal ABC o senador esquerdista Bernie Sanders, ex-rival de Biden na disputa pela indicação democrata e um dos principais oradores na noite de abertura da convenção.

O evento, previsto originalmente para acontecer na cidade de Milwaukee, será virtual devido à pandemia de Covid-19. Para adicionar mais um elemento de drama, a convenção acontecerá durante quatro dias em meio ao furor provocado pelas tentativas de Trump de limitar o voto pelo correio.

O presidente, que insiste, sem apresentar provas, que o voto pelo correio estimulará a fraude eleitoral, ameaçou bloquear fundos adicionais que - segundo os democratas - o Serviço Postal precisa urgentemente para processar milhões de cédulas.

Tradicionalmente, as convenções partidárias para designar os candidatos à presidência reúnem dezenas de milhares de pessoas, com atos imaginados para atrair a atenção do país aos aspirantes, apresentar novas lideranças, inspirar as bases e - no mundo ideal - conquistar indecisos e setores independentes.

Atmosfera virtual 

Os republicanos também organizarão uma convenção virtual depois de várias tentativas frustradas de salvar o formato presencial. A escolha de Milwaukee como sede da convenção democrata foi baseada principalmente por sua localização em Wisconsin, um ''swing state'', que alterna a preferência entre democratas e republicanos. A cidade investiu milhões de dólares nos preparativos para o evento frustrado. 

Desde que foi anunciada a opção por um encontro virtual, os organizadores se esforçam para recriar no ambiente on-line a atmosfera das convenções, caracterizada pelos aplausos, o publico diversificado e o lançamento de balões. 

Os organizadores esperam que o público acompanhe as transmissões ao vivo em centenas de "festas", inclusive algumas em drive-ins, para assistir a convenção ao vivo. Vários encontros terão como anfitriões figuras importantes do partido, incluindo alguns ex-rivais de Biden nas primárias, como a senadora Amy Klobuchar. 

Este formato experimental dará aos oradores a oportunidade de falar aos eleitores sem filtros, liberados das distrações comuns, a parafernália do cenário e os gritos dos delegados. Mas algumas pessoas temem um evento sonolento.

Clinton e Obama presentes

Biden lidera as pesquisas com uma vantagem de até 10 pontos percentuais sobre Trump. Alguns sinais indicam que a histórica escolha de sua companheira de chapa, Kamala Harris, tem grande popularidade entre os democratas.

Harris, a primeira mulher negra a integrar a chapa presidencial de um dos grandes partidos dos Estados Unidos, representa, nas palavras de Biden, a encarnação do "sonho americano". A ex-promotora de 55 anos, filha de imigrantes de origem indiana e jamaicana, leva uma energia relativamente jovem à figura de Biden, de 77 anos. 

O primeiro dia da convenção terá a presença de Sanders, líder da ala mais progressista do partido, e da ex-primeira-dama Michelle Obama. Na terça-feira será a vez do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) e de Jill Biden, esposa do candidato.

O ex-presidente Barack Obama (2009-2017) vai discursar na quarta-feira, assim como Kamala Harris, antes do grande final na quinta-feira, quando Biden aceitará formalmente a indicação e falará ao país por videoconferência, de sua casa em Delaware. 

"Se eu for eleito presidente, sempre escolherei unir ao invés de dividir", escreveu Biden no domingo no Twitter. "Assumirei a responsabilidade, ao invés de culpar os demais", completou.

Uma "não convenção" 

Biden pretende destacar seu programa de 700 bilhões de dólares para investimentos em novas tecnologias e a criação de cinco milhões de empregos. O plano "Build Back Better" (Reconstruir Melhor) é um desafio hostil a Trump, em um país afetado por uma pandemia que provocou a perda de milhões de empregos.

E como demonstração de abertura e inclusão, o ex-governador republicano de Ohio John Kasich vai discursar nesta segunda-feira.

Os oradores antes de Biden devem preparar o terreno para o candidato, apontando a administração "frustrada" de Trump e a "promessa" do que pode acontecer com Biden como presidente, afirma Stephanie Cutter, alta funcionária do partido.

Historicamente, as convenções representam um estímulo aos partidos, mas isto também deve acontecer com os republicanos em sua convenção a partir da próxima segunda-feira. Mas não está claro se seguir os registros do passado pode ser um indicador preciso.

"Realmente não sabemos se esta espécie de ''não convenção'' ou convenção virtual mais um discurso produzirá algo parecido ao tipo de impacto de curto prazo que observamos em eleições passadas", disse Charles Franklin, professor da Marquette University. 

Além da pandemia, como 170 mil mortos nos Estados Unidos, outro evento ameaça ofuscar o show democrata: uma viagem de campanha de última hora de Trump, que começará nesta segunda-feira em Wisconsin e Minnesota e e terminará justamente na quinta-feira perto de Scranton, Pensilvânia, onde Biden cresceu. 


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