EUA devolve imenso tesouro de 17 mil peças arqueológicas ao Iraque

EUA devolve imenso tesouro de 17 mil peças arqueológicas ao Iraque

Para o ministro Hasán Nazim, esse será o mais importante ressarcimento de antiguidades ao país

AFP

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Os Estados Unidos devolverão ao Iraque cerca de 17.000 peças arqueológicas de quase 4.000 anos atrás que foram roubadas durante as últimas décadas, uma iniciativa "sem precedentes", afirmou o ministro da Cultura iraquiano Hasán Nazim, nesta quarta-feira (28). "Essa será a mais importante devolução de antiguidades ao Iraque", declarou o ministro Hasán Nazim em um comunicado, no qual acrescenta que é "o resultado de meses de esforços das autoridades iraquianas junto à sua embaixada em Washington".

As 17.000 peças, que em sua maioria datam de 4.000 anos atrás, viajarão no avião do primeiro-ministro iraquiano Mustafá al Kazimi, que retorna ao Iraque na quinta-feira depois de uma visita a Washington, onde se reuniu com o presidente americano Joe Biden. A maioria das peças reflete "o comércio durante o período sumério", uma das civilizações mais antigas da Mesopotâmia, segundo o comunicado do ministério da Cultura iraquiano.

Retorno ao país de origem

Entre elas, destaca-se uma tábua de argila de 3.500 anos de antiguidade, considerada "um bem cultural roubado" que foi introduzido de forma fraudulenta no mercado da arte dos EUA, segundo o Departamento da Justiça dos Estados Unidos, que não especificou quando estará de volta ao Iraque.

A tábua de argila contém fragmentos da "Epopeia de Gilgamesh", considerada uma das obras literárias mais antigas da humanidade e que narra as aventuras de um rei da Mesopotâmia que queria ser imortal.

A decisão judicial dos EUA "representa um passo importante para o retorno desta obra-prima da literatura mundial ao seu país de origem", declarou a procuradora Jacquelyn Kasulis, encarregada do caso. As antiguidades iraquianas foram roubadas há décadas, aproveitando os conflitos no país e principalmente a invasão dos EUA em 2003.

"É impossível quantificar o número de peças roubadas de sítios arqueológicos", explicou à AFP Qahtan al Obaid, diretor de antiguidades e patrimônio do Museu de Basora (sul).

O roubo costuma ser obra do crime organizado, mas às vezes envolve a população local, que o usa como um meio de sobrevivência, afirmou.


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