Ex-presidente francês Jacques Chirac morre aos 86 anos

Ex-presidente francês Jacques Chirac morre aos 86 anos

Antigo mandatário esteve à frente do governo durante 12 anos

AFP

Chirac morreu aos 86 anos nesta quinta-feira

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O ex-presidente francês Jacques Chirac, que marcou a vida política francesa por várias décadas, faleceu na manhã desta quinta-feira aos 86 anos de idade. "O presidente Jacques Chirac faleceu esta manhã, ao lado de seus entes queridos e em paz", anunciou seu genro Frederic Salat-Baroux. Um minuto de silêncio foi observado na Assembleia Nacional e no Senado, onde o falecimento foi anunciado. 

O presidente da Assembleia Nacional, Richard Ferrand, reagiu afirmando que "Jacques Chirrac faz parte da História da França". "Uma França a sua imagem: ardente, complexo, às vezes atravessado por contradições, sempre animado por uma paixão republicana implacável ". O primeiro líder estrangeiro a se manifestar, o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker, disse estar "devastado" pela morte de um "grande amigo". Segundo ele, "seu legado para a França e para a União Europeia permanecerá para sempre". 

O ex-presidente foi uma figura importante da direita francesa, entre sucessos brilhantes e fracassos amargos, diante dos quais demonstrou uma excepcional capacidade de sobreviver politicamente. Ele não aparecia em público há vários anos. Foi presidente por 12 anos (1995-2007), duas vezes primeiro-ministro, três vezes prefeito de Paris, além de criador e líder de partido e ministro várias vezes. Seus mandatos como presidente permanecerão marcados por seu "não" à segunda guerra do Iraque iniciada pelos Estados Unidos, pelo fim do recrutamento militar obrigatório, pelo reconhecimento da responsabilidade do Estado francês por crimes nazistas e por seu alerta ("Nossa casa queima") diante da degradação ambiental no mundo. 

Um animal político

Jacques Chirac chegou à presidência francesa - sonho de vida para esse filho único de uma família burguesa parisiense - em 1995, depois de duas candidaturas malsucedidas (1981 e 1988) contra o socialista François Miterrand. Eleito em 1995 e novamente em 2002, deixou o poder em 2007, com a saúde debilitada em razão de um acidente vascular cerebral (AVC) sofrido dois anos antes. Ele foi sucedido por Nicolas Sarkozy, por quem não manifestava o mesmo fervor que sua esposa Bernadette. O ex-presidente estava doente e não aparecia em público há anos, vítima de "perda de memória". 

A última aparição foi em novembro de 2014, no Museu Quai-Branly de Paris, que foi rebatizado em sua homenagem desde então. Frágil, mas sorridente, surgiu ao lado de um de seus sucessores, o socialista François Hollande. Ironia da história, o ex-chefe do partido União pela República (RPR) havia declarado três anos antes que votaria em Hollande para a presidência, em detrimento de Sarkozy, que buscava a reeleição. Muito popular depois de deixar o poder, Jacques Chirac nem sempre teve o apoio de seus concidadãos. Após sua derrota em 1988 contra Miterrand, sua esposa Bernadette afirmou que os franceses não amavam seu marido. 

O principal dano à sua imagem veio do campo judicial. Durante a presidência esteve protegido pela imunidade, mas depois de se aposentar da política, teve que enfrentar a justiça. Em 2011, ele foi condenado a dois anos de prisão com suspensão sua pena. Depois de deixar a residência oficial da presidência francesa, Chirac passou a morar em Paris com sua esposa Bernadette em um apartamento às margens do Sena emprestado pela família do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri. Ele costumava passar suas férias no Marrocos. Chirac teve duas filhas, Laurence, anoréxica desde a juventude e falecida em abril de 2016, e Claude, que era sua assessora de comunicação.


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