Extrema-direita e conservadores lançam coalizão na Áustria

Extrema-direita e conservadores lançam coalizão na Áustria

Acordo será imediatamente validado pelos partidos no novo governo do conservador Sebastian Kurz

AFP

Sebastian Kurz é o dirigente mais jovem do mundo que promete a volta da extrema-direita ao poder na Áustria

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A direita e a extrema-direita austríacas lançaram formalmente sua coalizão neste sábado, em um lugar com grande carga simbólica, o monte de Kahlenber, em Viena, onde teve início a reconquista da Europa central contra as forças otomanas em 1683.

O líder conservador Sebastian Kurz, que, aos 31 anos, se tornará o dirigente mais jovem do mundo, e seu novo aliado Heinz-Christian Strache, líder do Partido da Liberdade (FPO), selaram nessa sexta-feira um acordo de governo que marca a volta da extrema-direita ao poder na Áustria. Apresentado na primeira hora da manhã ao presidente, Alexander Van der Bellen, o acordo de 160 páginas será imediatamente validado, em seguida, pelos dois partidos.

A aliança coroa um ano de conquistas para a extrema-direita na Europa, com grande avanço em Holanda, França e Alemanha, mas sem conseguir, contudo, chegar ao poder. Kurz e Strache vão detalhar seu programa e a composição de seu governo publicamente nesta tarde, em uma coletiva de imprensa em Kahlenberg. Esse monte, que domina a capital austríaca, tem certo significado ligado à tomada de Viena pelos otomanos em 1683, lembra o cientista político austríaco Thomas Hofer.

Sua reconquista pelas forças cristãs aliadas ao rei polonês Jan III Sobieski marcou o fim deste controle e o início da derrocada dos exércitos muçulmanos na Europa central. "Sem querer dar importância desproporcional" à escolha deste lugar, ela tem "certo significado, pelo menos para o FPO", indica Hofer.

Melhoria da segurança

A imigração e o islamismo foram pautas predominantes na campanha que levou Kurz à vitória nas eleições legislativas de 15 de outubro, dois anos depois da chegada maciça de refugiados a Europa em 2015. O jovem líder conservador, que se vangloria de ser um dos principais articuladores do fechamento da rota dos Bálcãs aos imigrantes em 2016, como ministro de Relações Exteriores, se posicionou claramente ao lado do FPO neste assunto, abrindo o caminho para a nova coalizão.

"Em primeiro lugar, queremos melhorar a segurança no nosso país, o que inclui combater a imigração ilegal", lembrou nesta sexta-feira. Além disso, "queremos aliviar a pressão fiscal, reforçar nossa economia, o que melhorará muito nosso sistema social", afirmou.

Segundo algumas fontes, o FPO deve receber pela primeira vez pelo menos três ministérios: Defesa, Interior e Relações Exteriores. As duas últimas pastas sempre tinham escapado do partido. Strache vai se tornar vice-chanceler. Em 2000, a entrada desta formação no governo provocou sanções europeias, um cenários pouco provável atualmente, num contexto de expansão dos partidos populistas e anti-imigração, e com Strache, de 48 anos, que trabalhou para suavizar a imagem do partido. Contudo, Van der Bellen considerou útil lembrar, neste sábado, que iria garantir que certos limites não fossem ultrapassados em matéria de respeito aos direitos humanos e compromissos europeus.

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