Fed promete ação para manter expansão nos EUA, mas Trump critica

Fed promete ação para manter expansão nos EUA, mas Trump critica

Presidente questionou quem seria pior para os Estados Unidos: se Powell, ou o líder chinês, Xi Jinping

AFP

Declaração foi dada pelo presidente do Federal Reserve no país

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O presidente do Federal Reserve dos Estados Unidos, Jerome Powell, afirmou nesta sexta-feira (23) que o Fed vai agir para garantir que a expansão econômica do país seja sustentada, mas, logo em seguida, voltou a ser criticado pelo presidente Donald Trump. No Twitter, Trump questionou quem seria pior para os Estados Unidos: se Powell, ou o líder chinês, Xi Jinping. "Como sempre, o Fed não fez nada", postou Trump. "Minha única pergunta é quem é nosso maior inimigo, Jay Powel, ou o presidente Xi?", indagou, com a grafia incorreta do sobrenome de Powell.

Em um discurso na convenção anual de bancos centrais em Jackson Hole, Powell se manteve otimista sobre o futuro da economia americana, embora tenha destacado "riscos significativos" de desaceleração do crescimento global. Enquanto a luta comercial entre os Estados Unidos e a China se intensifica, com o anúncio de medidas de retaliação nesta sexta-feira, Powell disse que o Fed não tem um manual para responder às incertezas causadas por essas tensões.

Em seu discurso, o chefe do banco central dos Estados Unidos afirmou ainda que "a inflação baixa parece ser o problema desta época, e não a inflação alta". "Estamos observando com atenção o desenrolar dos acontecimentos, à medida que avaliamos suas implicações para o prognóstico para os Estados Unidos e para o caminho que a política monetária vai tomar", declarou Powell.

No mês passado, o Fed cortou sua taxa de juros pela primeira vez em quase uma década, em parte devido ao impacto da incerteza comercial nas perspectivas de crescimento. O aguardado discurso de Powell deixou claro, porém, que o órgão emissor americano tem ferramentas limitadas de resposta. Powell tenta defender a independência do Fed da interferência política, usando corretamente as munições limitadas de que dispõe e, ao mesmo tempo, administrar as divisões internas da entidade sobre o nível adequado para as taxas de juros.

Em um contexto com vários indícios apontando para a possibilidade de uma recessão em breve, qualquer passo em falso pode prejudicar os mercados, que pedem cada vez mais cortes nos juros. Trump também tem criticado assiduamente o Fed. Embora tenha sido Trump quem nomeou Powell, ele o critica quase diariamente por ter, no ano passado, elevado os juros rapidamente demais e pede um corte drástico para estimular a economia.

Retaliações comerciais

"As três semanas desde nossa última reunião do Comitê de Política Monetária de julho estiveram repletas de eventos, começando com o anúncio de novas tarifas para as importações da China", disse Powell. Trump retomou o ataque comercial, visando a US$ 300 bilhões em importações chinesas, além dos US$ 250 bilhões em produtos vendidos pela China que já estavam sujeitos a tarifas punitivas. A China anunciou nesta sexta-feira (23) um plano de retaliação contra a barreira tarifária dos EUA, o que torna uma solução negociada ainda mais improvável, especialmente depois que Trump anunciou que responderia dentro de poucas horas.

A guerra comercial de Trump contra a China alimentou temores de uma crise econômica, especialmente em um contexto de incerteza sobre o impacto do Brexit na Europa, com uma desaceleração da economia na China e na Alemanha. Esta incerteza abalou os mercados e levou o rendimento de títulos do Tesouro a 10 anos a ficar abaixo do de dívidas de curto prazo. Essa inversão das curvas, repetida na quinta-feira, é considerada pelos especialistas como um indício da recessão futura. "Estamos examinando as ferramentas de política monetária usadas nos momentos de calma e crise e nos perguntamos se deveríamos expandir nosso kit de ferramentas", concluiu Powell.


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