Forças colombianas abatem principal chefe das dissidências das Farc

Forças colombianas abatem principal chefe das dissidências das Farc

Néstor Vera, conhecido como "Iván Mordisco", morreu junto com outros nove rebeldes

AFP

Em 8 de julho, os militares lançaram "uma operação estratégica com o esforço principal da Força Aérea"

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Néstor Vera, conhecido como "Iván Mordisco", o principal líder dos dissidentes das Farc, morreu junto com outros nove rebeldes em um ataque das Forças Armadas colombianas no sudoeste do país - informou o Ministério da Defesa nesta sexta-feira. "Esta operação permitiu a neutralização de nove indivíduos dessa primeira frente de dissidentes das Farc e a neutralização de 'Iván Mordisco'", disse à imprensa o responsável pela pasta, Diego Molano.

"Cai o último grande líder das Farc e dá-se um golpe final às dissidências", acrescentou o ministro. Durante várias semanas, 500 soldados foram mobilizados pela selva do departamento de Caquetá para encontrar Mordisco, que assumiu recentemente o comando das dissidências após a suposta morte de 'Gentil Duarte', detalhou o comandante das Forças Militares, general Luis Fernando Navarro.

Em 8 de julho, os militares lançaram "uma operação estratégica com o esforço principal da Força Aérea" na qual morreram os dez insurgentes, detalhou o general. Entre os mortos estão quatro pessoas do círculo próximo de Vera, entre elas sua companheira, "codinome Lorena", e outras duas mulheres.

A polícia divulgou a foto de uma boina verde com o broche de uma estrela vermelha e o símbolo da foice e do martelo, encontrada na área da operação e que teria pertencido ao falecido líder guerrilheiro. "A estrutura do conhecido como 'Iván Mordisco' era uma das piores ameaças à Colômbia e foi destruída pelos heróis da nossa força pública", comemorou o presidente Iván Duque. As autoridades não informaram a idade de Vera, mas segundo Molano, juntou-se à insurgência havia 35 anos.

O primeiro dissidente

Em julho de 2016, faltando quatro meses para a assinatura do acordo que pôs fim a cinco décadas de insurgência, Vera se tornou o primeiro chefe das Forças Armadas Revolucionária da Colômbia (Farc) a abandonar o processo de paz junto com vários subordinados da frente guerrilheira Armando Ríos.

Desde então, começou a recrutar novos combatentes para assumir o controle das florestas do sudeste da Colômbia, principal exportador de cocaína do mundo. Segundo o exército, nos rios da região seus homens gerenciam o envio de cargas de maconha e cocaína para a Venezuela e o Brasil.

As autoridades também atribuem a Mordisco a ordem para dezenas de ataques mortais contra a força pública, deslocamentos forçados e assassinatos de líderes sociais. Também é acusado de ter mantido sequestrado durante dois meses um funcionário da ONU em 2017.

O governo oferecia uma recompensa de quase 700 mil dólares por informações sobre o paradeiro. "Fontes humanas" colaboraram na operação e receberão o dinheiro, assegurou o diretor da polícia, general Jorge Luis Vargas.

Golpe à "refundação"

Mordisco assumiu o comando de quase 2.000 rebeldes após a suposta morte de "Gentil Duarte", que liderou o chamado Bloco Sudoeste das dissidências até o final de maio, quando caiu na Venezuela durante um combate com uma quadrilha de traficantes, segundo a Inteligência colombiana.

De acordo com o governo, o grupo está em meio a uma disputa feroz pelas rotas do narcotráfico com outra facção dissidente chamada Segunda Marquetalia, liderada pelo ex-chefe das Farc Iván Márquez. Este último fez parte do acordo antes de voltar a pegar em armas em 2019.

A Colômbia afirma que Márquez foi, recentemente, alvo de um ataque na Venezuela e está ferido, internado em um hospital desse país vizinho. Caracas garante que esta versão é uma "especulação". "Hoje, na Colômbia não tem mais nenhum dos cabeças, dos grandes chefões, que as Farc tinham (...) é um golpe fundamental nos planos de refundação que eles tinham", frisou Molano.

Sem um comando unificado, as dissidências somam cerca de 5.200 militantes distribuídos em diferentes regiões do país, segundo a ONG Indepaz, e se financiam, principalmente, do tráfico de drogas e da exploração ilegal de ouro e de outros minerais. A maioria (85%) é composta de novos recrutas que nunca estiveram na extinta organização rebelde, segundo a mesma fonte.


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