Forças russas preparam ataque "maciço" no leste da Ucrânia, alerta governador

Forças russas preparam ataque "maciço" no leste da Ucrânia, alerta governador

Tropas trazem homens e combustível para a região de Lugansk

AFP

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As forças russas estão preparando um "ataque maciço" contra as tropas ucranianas na região de Luhansk, no leste da Ucrânia, anunciou o governador, Sergii Gaiday, nesta segunda-feira (4).

"Temos visto equipamentos vindos de diferentes direções, que eles [os russos] estão trazendo homens, que estão trazendo combustível [...]. Entendemos que eles estão se preparando para um ataque maciço", disse o governador de Luhansk em uma mensagem de vídeo.

"Os bombardeios são cada vez mais intensos. Na noite de ontem, houve uma tentativa de chegar a Rubizhne [perto de Luhansk], nossos defensores os repeliram, inutilizaram vários tanques, havia dezenas de corpos" de soldados russos, disse Gaiday.

"Ontem, infelizmente, na explosão de uma mina ou de um projétil de artilharia, morreram dois voluntários" e "uma igreja foi bombardeada", o que deixou dois sacerdotes feridos, acrescentou, sem dar mais detalhes.

Por isso, o governador pediu aos habitantes da região que saiam de suas casas. "Não hesitem, por favor. Hoje, mil pessoas foram evacuadas. Por favor, não esperem que suas casas sejam bombardeadas", pediu em sua mensagem.

As autoridades ucranianas afirmaram no sábado que as forças russas estavam se retirando das regiões do norte da Ucrânia, em particular dos arredores de Kiev, para serem reposicionadas no leste e no sul do país. 

"Algo terrível vai acontecer aqui", teme a população do leste da Ucrânia

Nas áreas do Donbass ainda controladas pela Ucrânia, a população foge desta região no leste do país temendo a chegada das tropas russas. Centenas de mulheres, crianças e idosos esperavam um trem na estação de Kramatorsk.

"Desde o fim de semana, cerca de 2.000 pessoas embarcam diariamente para o oeste, para Lviv ou outra cidade", afirma Nasir, um voluntário humanitário ajuda na operação. Na pequena estação de trem, cuja fachada acaba de ser pintada de vermelho e branco, costumava haver duas ou três saídas por dia, mas agora são quatro. "Nós, homens, ficamos, nossas famílias vão embora", diz Andrei, cuja esposa e dois filhos esperam pacientemente, com as malas aos pés.

Desde que a Rússia anunciou que deseja "concentrar os esforços na libertação de Donbass", esta histórica zona mineradora da Ucrânia vive com a angústia de uma grande ofensiva russa. Kiev teme que a situação piore à medida que as forças russas tentam cercar o exército ucraniano. 

As tropas ucranianas estão mobilizadas desde 2014 ao longo da frente que faz fronteira com Donetsk, ao sul, e Lugansk, ao leste - capitais das duas autoproclamadas "repúblicas" separatistas pró-Rússia - e que vai até Izium, no noroeste.

Kramatorsk, a capital regional de fato desde outubro de 2014 do território ainda controlado por Kiev, está localizada no centro desta área perigosa e pode ser sitiada pelas tropas de Moscou.  "De acordo com as últimas informações, a Rússia está trazendo suas tropas para o leste e em breve estaremos cercados", teme Viktoria, médica da "Assistência Humanitária", segundo a credencial que ela usa no peito. Ela espera que o exército ucraniano se retire da área. "Aqui pode ser a próxima Mariupol", alerta, referindo-se ao porto cercado e bombardeado sem trégua no Mar de Azov.

Kramatorsk, localizada na Bacia do Don, tinha antes da guerra mais de 150.000 habitantes. A guerra ainda não chegou, a situação é calma, mas as ruas estão desertas, muito tranquilas, talvez com medo da chegada de uma tempestade. "Os bombardeios podem começar a qualquer momento", diz Andrei. De sua parte, Svetlana sussurra: "Os rumores dizem que algo terrível vai acontecer aqui."


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