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Foto de Fernández em festa durante a quarentena abre crise política na Argentina

Parlamentares da oposição entraram com um pedido de impeachment contra o mandatário argentino por episódio em julho do ano passado

Presidente pediu desculpas pelo episódio ocorrido em julho do ano passado
Presidente pediu desculpas pelo episódio ocorrido em julho do ano passado Foto : Esteban Colazzo / AFP / CP

A divulgação de uma foto de uma festa em julho do ano passado durante a quarentena contra a Covid-19 na Argentina abriu uma crise política no governo do presidente Alberto Fernández. A reunião de amigos na residência oficial de Olivos para comemorar o aniversário da primeira-dama Fabíola Yanez fez parlamentares da oposição entrarem com um pedido de impeachment contra o mandatário. Embora seja improvável que o processo tenha seguimento, Fernández pediu desculpas por ter participado do evento.

O pedido de impeachment foi apresentado pelos deputados opositores Mario Negri, Luis Petri, Waldo Wolff e Cristian Ritondo, que qualificaram a reunião como um "ato de impunidade". Na época, mesmo reuniões privadas estavam proibidas no país.

"É um crime com implicações éticas, morais e de governança", disse Wolff. "Apesar de não termos os votos, é hora de chamar a atenção para isso, e há um grande número de cidadãos que concorda conosco."

Em um evento em Buenos Aires nesta sexta-feira, Fernández lamentou ter violado as regras da quarentena e pediu desculpas. "Fabíola fez um brinde com os amigos para celebrar o seu aniversário que não deveria ter ocorrido e eu me arrependo", disse o presidente, que na foto não usava máscaras nem cumpria distanciamento em relação aos outros presentes.

No ano passado, a Argentina implementou um rígido regime de quarentena que conseguiu conter por alguns meses o número de casos e mortes por Covid-19 no país. No segundo semestre, no entanto, depois da reabertura gradual da economia, o país foi severamente golpeado pelo vírus. Em 2021, a chegada da variante Gama à Argentina levou o sistema público de saúde ao quase colapso.

A crise deve acirrar o clima das eleições de novembro, quando a oposição tentará tomar o controle do Congresso, em meio a uma campanha de vacinação que começou incipiente e, atualmente, avança em velocidade similar à brasileira.