Gabinete de Biden conta com vários rostos da era Obama, mas com maior diversidade

Gabinete de Biden conta com vários rostos da era Obama, mas com maior diversidade

Presidente eleito está deixando claro que favorece a capacidade e o centrismo

AFP

Ao contrário de Trump, as escolhas de Biden não são chamativas

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Em suas primeiras nomeações para seu futuro gabinete, o presidente eleito Joe Biden está deixando claro que favorece a capacidade e o centrismo e que não busca agradar a base de esquerda de seu Partido Democrata, embora tenha obtido ganhos históricos para mulheres e minorias.

Confira algumas conclusões sobre a apresentação de Biden de sua equipe de segurança nacional:

Veteranos de Obama

Assim como Biden, muitos dos membros de seu gabinete foram vices no governo Barack Obama (2009-2017).

Antony Blinken, nomeado o próximo secretário de Estado, era o subsecretário dessa pasta, encarregado da diplomacia. Alejandro Mayorkas foi nomeado chefe do Departamento de Segurança Interna, onde já foi o número dois.

Jake Sullivan, que ocupará o cargo de Assessor de Segurança Nacional, atuou em uma função semelhante à de Biden quando ele era vice-presidente, e Avril Haines, escolhida para diretora de inteligência nacional, era a número dois na CIA.

Janet Yellen, nomeada como secretária do Tesouro, foi escolhida por Obama para a presidência do Federal Reserve, mas Donald Trump se recusou a indicá-la para um segundo mandato. Todos são respeitados por suas competências e sua eleição dá um sinal de que Biden, pelo menos por meio de sua equipe, está optando por uma continuação ao invés de uma ruptura com os anos Obama.

Também competem pelos cargos mais altos Michele Flournoy, que ocupou postos importantes no Pentágono durante o governo Obama, para chefiar a secretaria de Defesa, Rahm Emanuel, chefe de gabinete de Obama e mais tarde prefeito de Chicago, para vários cargos, entre eles o de representante comercial dos Estados Unidos.

Na foto, da esquerda para direita, estão Linda Thomas-Greenfield, Janet Yellen, Avril Haines, Alejandro Mayorkas, Antony Blinken e John Kerry.

Foto: Stephane de Sakutin, Win McNamee, Thos Robinson, Brad Barket, Bertrand Guay, Daniel Roland / AFP / Getty Images North America / CP

Capacidade primeiro

Ao contrário de Trump, um ex-astro de "reality shows", as escolhas de Biden não são chamativas. A escolha mais significativa até agora foi a de John Kerry, o ex-secretário de Estado e aspirante à Casa Branca, que será o enviado presidencial para o clima, um sinal da alta prioridade que Biden dará ao meio ambiente.

Mas, ao contrário de Trump e mesmo de Obama, Biden não escolheu ninguém que pareça ter em mente futuras eleições presidenciais, ao contrário das expectativas de que o presidente eleito de 78 anos pudesse usar o gabinete para preparar futuros candidatos à Casa Branca.

Moderados que conhecem Washington

Até agora, Biden optou por não recorrer a ninguém particularmente querido da ala mais à esquerda do Partido Democrata, mas o repúdio dos progressistas tem sido limitado.

Vários ativistas observaram com consternação que Blinken, conhecido por sua defesa dos direitos humanos, apoiou a intervenção na Síria e expressaram suspeitas de que ele e Flournoy fundaram uma empresa de consultoria para clientes estrangeiros após o governo Obama. A equipe que está entrando parece bem ciente das preocupações.

O deputado Ro Khanna, um associado de Bernie Sanders e voz de liderança dos democratas na política externa da esquerda do partido, expressou seu apoio a Blinken, dizendo que "sempre esteve aberto a engajar progressistas" e compartilha sua oposição à devastadora ofensiva liderada pela Arábia Saudita no Iêmen.

Biden disse que Yellen, com sua vasta experiência, mas também com sua prioridade em ajudar os trabalhadores, foi escolhida com a expectativa de contar com o apoio de todo o partido. Ele parece ter aprendido com as críticas da esquerda aos dois secretários do Tesouro de Obama.

As opções também refletem a realidade de que os indicados devem obter a confirmação no Senado, onde os republicanos terão maioria, a menos que os democratas ganhem duas eleições de segundo turno na Geórgia em janeiro.

Gabinete mais diverso

Biden está mantendo sua promessa de formar um gabinete mais diverso, um ponto de ruptura com Trump, que teve como alvo mais homens brancos do que qualquer outro presidente em décadas.

Mayorkas, que nasceu em Cuba, seria o primeiro imigrante a cargo do Departamento de Segurança Interna. Yellen e Haines serão as primeiras mulheres em seus cargos, assim como Flournoy, se ela for escolhida para o Pentágono.

Linda Thomas-Greenfield, uma ex-diplomata de carreira afro-americana, foi indicada para ser a representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas. Também há especulação de que Biden vai reviver uma tradição e nomear pelo menos um membro do gabinete do partido rival, na esperança de sinalizar unidade após o mandato divisivo de Trump.


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