Grande marcha em Santiago reúne mais de um milhão de pessoas

Grande marcha em Santiago reúne mais de um milhão de pessoas

Intendência da capital chilena acompanhou manifestação que seguiu de "forma pacífica"

AFP

Este é o oitavo dia de protestos consecutivos no Chile

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Mais de um milhão de pessoas convergiam nesta sexta-feira de vários pontos de Santiago a uma praça do centro, exigindo reformas em um sistema econômico que consideram desigual e repetindo lemas contra o governo por responder com militares à pior convulsão social no Chile em três décadas. A grande marcha contra as políticas sociais do governo de Sebastián Piñera continua em ascensão no centro de Santiago, em um clima de efervecência popular e "de forma pacífica", informou a Intendência da capital.

"Novo informe de @Carabdechile informa uma concentração acima de 500 mil pessoas (e em aumento)", informou a Intendência de Santiago no Twitter faltando quase uma hora para o início da manifestação multitudinária, em alusão aos dados da Polícia chilena.

Entoando canções populares durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-90), pulando e exibindo bandeiras chilenas e mapuches (povos originários do chile), os manifestantes se reuniram nas largas avenidas da capital para atender à convocação da "Maior Passeata do Chile", uma semana depois de um dos países mais estáveis da América Latina se ver mergulhado em sua pior crise social.

"Provavelmente será a maior de todos os tempos. Pedimos justiça, honestidade, ética no governo, não é que queiramos o socialismo, o comunismo; queremos menos empresas privadas, mais Estado e as propostas feitas (por Piñera esta semana) vão arruinar o orçamento para subsidiar as empresas privadas", disse à AFP Francisco Anguitar, de 38 anos, que trabalha em desenvolvimento de inteligência artificial.

Em sua passagem pelo palácio presidencial de La Moneda, com milhares de pessoas insultando o presidente e os militares que isolavam esta área no centro de Santiago, Anguitar enfatizou: "O que queremos é algo bem feito", em alusão às mudanças sociais que reivindicam. Estas manifestações aparecem nas ruas como um movimento enorme e bem organizado, mas carecem de líderes identificáveis, foram convocadas sobretudo por redes sociais e promovem protestos contra as sedes militares e meios de comunicação com panfletos que pedem para "não ligar a TV".

As músicas "El baile de los que sobran" e "Por qué no se van", que tornaram famoso o grupo de rock chileno Los Prisioneros quando Pinochet governava o país com mão de ferro, são candadas por milhares de jovens na casa dos 20 anos, eufóricos e que não temem o toque de recolher, nem os militares que patrulham as ruas desde a sexta-feira passada após um decreto de emergência emitido pelo presidente Piñera.

Depois de sete dias com o país semi-paralisado e alguns setores produtivos de Santiago operando a medias o nada, a bolsa desabou apenas na segunda-feira e depois seguiu sem grandes alterações, assim como o dólar, embora tenha registrado uma alta esta semana, se mantém ao nível similar do mesmo mês do ano passado.


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