Hospital de campanha atende centenas de refugiados rohingyas

Hospital de campanha atende centenas de refugiados rohingyas

Médicos da Cruz Vermelha atendem até 200 pessoas por dia no campo de Kutupalong

AFP

Médicos da Cruz Vermelha atendem até 200 pessoas por dia no campo de Kutupalong

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O bebê rohingya de oito meses estava à beira da morte por pneumonia quando sua família o levou ao novo hospital de campanha da Cruz Vermelha nos campos de refugiados do sul de Bangladesh."Se tivesse chegado só uma hora mais tarde, não haveria qualquer chance de sobreviver", explica Peter Meyer, chefe de equipe deste estabelecimento com
capacidade para sessenta camas e do tamanho de dois campos de futebol.

Mohamad Hares, o bebê, faz parte dos mais de 600.000 rohingyas de Mianmar que fugiram para o vizinho Bangladesh para escapar do que a ONU considera uma limpeza étnica. Muitos refugiados estão doentes, feridos ou debilitados pela desnutrição, uma carga adicional para as infraestruturas médicas deste país do sul da Ásia que está entre os mais pobres do planeta.

Os rohingyas continuam chegando por terra e por mar. Os médicos da Cruz Vermelha atendem até 200 pessoas por dia no hospital de campanha situado no campo de refugiados de Kutupalong. Conta com uma sala de maternidade, outra de cirurgias e com um espaço para colocar os pacientes em quarentena. "Muitos dos pacientes tratados estão fracos e cansados. Há muito esgotamento e desidratação devido às longas caminhadas" para fugir de Mianmar, explica a
enfermeira pediátrica Hildur Svenonsdottir. "Alguns pacientes passam dias sem comer", acrescenta.

"Ponta do iceberg"

O confinamento e a insalubridade dos campos de refugiados em Bangladesh, que acolhem agora" quase um milhão de rohingyas, favorecem o surgimento de doenças. As autoridades temem uma catástrofe sanitária. Devido à falta de infraestruturas higiênicas, as pessoas evacuam onde conseguem, contaminando a água e aumentando o risco de epidemia de cólera.

Milhares de pacientes, sobretudo as crianças, sofrem com fortes diarreias. A Cruz Vermelha prevê o envio de equipamento móvel aos acampamentos. "O que vimos até agora não é nem a ponta do iceberg", comenta Meyer.
Para muitos rohingyas, originários da região isolada e subdesenvolvida de Rakain, no oeste de Mianmar, este hospital da Cruz Vermelha é seu primeiro contato com a medicina moderna.

"Nunca vi um hospital como este em toda a minha vida", declarou à AFP Halima Khatun, a mãe do bebê de oito meses que se salvou. "Quando estávamos doentes, íamos consultar os curandeiros da aldeia", conta.

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