Hotéis de Cabul ficam sob alerta por ameaça de segurança

Hotéis de Cabul ficam sob alerta por ameaça de segurança

Após encontro entre funcionários do governo dos EUA e do Talibã, americanos e britânicos alertam seus cidadãos sobre o risco de atentados a grandes hotéis da cidade

AFP

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O fantasma dos atentados voltou a ganhar força em Cabul, nesta segunda-feira (11), com um alerta emitido para os hotéis da capital afegã, um dia depois do primeiro encontro entre representantes americanos e talibãs desde meados de agosto, durante o qual foram discutidas questões de segurança.

Americanos e britânicos alertaram seus cidadãos, nesta segunda, sobre o risco de atentados a grandes hotéis de Cabul, como o Serena, um estabelecimento de luxo localizado no centro da capital.

"Devido à ameaça à segurança, recomendamos que os cidadãos americanos evitem se hospedar [lá] e evitem a área", afirmou o Departamento de Estado americano em seu site, referindo-se ao hotel, atacado várias vezes nos últimos anos.

Em 20 de março de 2014, um comando armado talibã invadiu o estabelecimento e matou nove pessoas, incluindo um jornalista da AFP e sua família.

O hotel também foi atacado em janeiro de 2008 por um homem-bomba, quando o ministro norueguês das Relações Exteriores, Jonas Gahr Store, encontrava-se no local. Ele saiu ileso, enquanto seis pessoas morreram, entre elas o repórter Carsten Thomassen, do jornal norueguês "Dagbladet", e um cidadão americano.

Nos hotéis mais caros de Cabul, costumam ficar tanto estrangeiros, de passagem pela cidade, quanto jornalistas, trabalhadores humanitários e talibãs com altos cargos no governo, que ali organizam suas reuniões de trabalho.

O Talibã voltou ao poder em 15 de agosto. Desde então, tem feito da segurança sua prioridade, após vinte anos de guerra no território. Enfrentam, porém, uma onda de sangrentos atentados, reivindicados pelo braço local do Estado Islâmico (IS), o grupo Estado Islâmico do Khorasan (EI-K).

Na sexta-feira (8), o EI-K assumiu a autoria de um ataque a uma mesquita xiita de Kunduz, no nordeste do país. Pelo menos 60 pessoas morreram nesta que foi a ofensiva mais letal no Afeganistão desde a saída dos militares americanos, em 30 de agosto passado.

O alerta sobre os hotéis da capital foi dado horas depois do primeiro encontro oficial, no Catar, entre funcionários de alto escalão dos governos americano e talibã desde a retirada dos EUA do país.

Segundo o Departamento de Estado, as conversas foram "francas e profissionais". Nelas, os americanos reiteraram que os talibãs serão julgados "por suas ações, não apenas por suas palavras".

O debate se concentrou nas "preocupações com segurança e terrorismo, trânsito seguro de americanos, de outros estrangeiros e dos nossos parceiros afegãos", disse o porta-voz do departamento, Ned Price.

Outros temas de interesse foram "os direitos humanos, incluindo a participação significativa de mulheres e meninas em todos os aspectos da sociedade afegã", acrescentou Price.

Em um comunicado sobre a reunião, os talibãs afirmaram que os Estados Unidos concordaram em enviar ajuda para o Afeganistão. Já Washington afirmou que esta questão não foi abordada e que qualquer ajuda será destinada para o povo afegão, e não para o governo talibã.

 


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