Humans Right Watch denuncia maus-tratos sistemáticos nas prisões palestinas

Humans Right Watch denuncia maus-tratos sistemáticos nas prisões palestinas

ONG denunciou que Autoridade Palestina utiliza de modo rotineiro a violência contra os prisioneiros

AFP

HRW afirma que os abusos das forças de segurança da Autoridade Palestina são direcionados principalmente contra membros do Hamas

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As forças de segurança palestinas infligem de maneira "sistemática" maus-tratos e tortura aos opositores detidos, o que poderia constituir crimes contra a humanidade, indica um relatório da ONG Human Rights Watch (HRW) publicado nesta terça-feira. "O recurso sistemático à tortura como política governamental constitui um crime contra a humanidade", passível de ser condenado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), afirmou à AFP Omar Shakir, diretor da HRW para Israel e os Territórios Palestinos.

A Autoridade Palestina, que governa partes da Cisjordânia ocupada, e seu rival islamita do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, utilizam de modo rotineiro a violência contra os prisioneiros, as ameaças e as detenções arbitrárias, afirma a HRW. A violência incluia agressões, descargas elétricas ou a manutenção dos prisioneiros em posições extenuantes, destaca o relatório da ONG.

Procurada pela AFP, a Autoridade Palestina rejeitou as acusações da HRW. O Hamas se propôs a receber a ONG, mas não recebeu autorização de Israel para a entrada na Faixa de Gaza. A HRW afirma que os abusos das forças de segurança da Autoridade Palestina são direcionados principalmente contra membros do Hamas. O relatório, de 150 páginas, é resultado de dois anos de investigação, com entrevistas de 150 pessoas e documentação sobre 86 casos concretos.

Os abusos afetam manifestantes, dissidentes, jornalistas ou blogueiros. Este foi o caso de Sami Al Sai, um jornalista de 39 anos, suspeito de ter contatos com o Hamas e que foi detido em 2017, agredido e pendurado pelos pulsos com algemas, segundo o relatório. Fuad Jarada, jornalista de 34 anos, foi detido pelos serviços do Hamas em junho de 2017, três dias depois de ter criticado o movimento islamita no Facebook. Passou dois meses na prisão, mais da metade do tempo em um quarto chamado de "ônibus", indica o relatório.

"Os dirigentes palestinos discursam pelo mundo sobre os direitos dos palestinos e, ao mesmo tempo, colocam em prática uma máquina opressiva para destruir a dissidência", declarou Shajir à AFP. Shakir pediu aos países ocidentais que suspendam temporariamente a ajuda à Autoridade Palestina. O Hamas já está muito isolado internacionalmente: o governo dos Estados Unidos e a União Europeia o consideram uma organização terrorista. Em 2018, o governo de Donald Trump cortou milhões de dólares de ajuda à Autoridade, o que provocou a indignação do presidente Mahmud Abbas.

"Este relatório confunde política e direitos humanos e está relacionado com o 'acordo do século', que tem como objetivo enfraquecer a Autoridade Palestina", denunciou Haitham Arar, diretor para Direitos Humanos do ministério do Interior da Autoridade Palestina.

O "acordo do século" é uma referência ao plano de paz do governo Trump, aguardado há vários meses.

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