Itália projeta reabertura gradual com criação de "carteira de imunidade"

Itália projeta reabertura gradual com criação de "carteira de imunidade"

Com testes rápidos e baratos aplicados em massa será possível saber quem tem os anticorpos do coronavírus e já pode voltar ao trabalho

Correio do Povo, R7 e AE

Na "Fase 2", usar uma máscara para sair de casa será obrigatório

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Máscaras e testes sorológicos rápidos. O governo da Itália imagina e prepara uma "Fase 2" da pandemia, aquela que deverá assistir ao começo da retomada econômicade, "homogênea" em toda a Itália para evitar os vazamentos futuros das regiões. A estratégia terá como base uma vasta campanha de exames de que vão checar o sangue dos cidadãos para a presença de anticorpos contra o coronavírus SARS-Cov-2, um sinal de que há uma infecção ou houve positividade – e, portanto, existe agora imunidade. Isso permitiria o lançamento uma espécie de “carteira de imunidade” contra a Covid-19.

“É ilusório pensar em um mundo sem pessoas contaminadas dentro de um mês. As linhas sanitárias serão decididas pelo comitê científico, que deve se guiar pelo caminho dos testes”, afirmou o ministro dos Negócios Regionais, Francesco Boccia, ao jornal Il Sole 24 Ore. Para pôr em prática o plano, a Policlínica San Matteo, de Pavia, desenvolveu o primeiro exame de sangue italiano para verificar a presença de anticorpos da doença respiratória.

A empresa DiaSorin anunciou ainda que deve ser a segunda a desenvolver o teste, que deve custar cinco euros. O resultado sai em uma hora. Os laboratórios afirmam que podem processar 500 mil deles por dia. No Ministério da Saúde, no entanto, eles repetem: os únicos testes sorológicos a serem considerados são aqueles que serão validados pelo Instituto Superior de Saúde. E em maio começará uma grande investigação, coordenada pelo comitê técnico científico do Ministério da Saúde, em colaboração com o Istat, para entender como o novo coronavírus se espalhou no nosso país.

A Itália é um dos países mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. No domingo, o governo italiano registrava mais de 156 mil infectados e quase 20 mil mortos. Governador da região do Vêneto, Lucca Zaia, afirmou que os testes de anticorpos são a última barreira para a retomada. “Pense nos trabalhadores que poderão ter a certificação, porque imunizados poderão sair de casa tranquilos”. O teste, segundo os pesquisadores, serve para mostrar quem, depois do contato com o coronavírus SARS-Cov-2, desenvolveu anticorpos, estando imunizado.

Para o presidente do Conselho Superior Sanitário da Itália, Franco Locatelli, também entrevistado pelo Il Sole 24 Ore, graças ao teste será possível ter um retrato fiel da epidemia. Esses dados serão usados para estabelecer “a retomada da atividade produtiva em algumas áreas”. Na quinta-feira, o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, anunciou que o país permanecerá em quarentena até 3 de maio. Mas devem reabrir nesta terça-feira livrarias, lojas de roupas para bebês, fábricas de computadores e obras hidráulicas.

Uso de máscaras

Haverá ainda outra indicação: saídas de casa apenas com o rosto coberto. Na "Fase 2", usar uma máscara será obrigatório, o que se sobrepõe a portarias já operacionais em várias regiões e até em municípios individuais. Contudo, esses dispositivos cirúrgicos são de uso único, e o um comitê científico do governo busca resolver como o país terá o suficiente do equipamento para 60 milhões de habitantes todos os dias.

Há quem trabalhe para identificar um tipo de material que possa ser lavável e reutilizável; caso contrário, nunca haverá máscaras suficientes para a vida diária normal. Essa é apenas mais uma das muitas incógnitas do futuro, no qual o governo e as regiões terão que encontrar um entendimento comum. Ao mesmo tempo, os especialistas sempre repetem que, em qualquer caso, a manutenção das distâncias e a lavagem frequente das mãos permanecem em primeiro lugar.


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