Juiz do Supremo Tribunal da Venezuela desertou para cooperar com EUA

Juiz do Supremo Tribunal da Venezuela desertou para cooperar com EUA

Christian Zerpa afirmou que há envolvidos em corrupção no círculo presidencial de Maduro

AFP

Pichação contra Maduro em Caracas

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O juiz do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) da Venezuela Christian Zerpa se exilou nos Estados Unidos para, segundo ele, não ser conivente com o juramento do presidente Nicolás Maduro perante a corte e cooperar com as autoridades americanas. Maduro "não merece uma segunda oportunidade, uma vez que a eleição em que supostamente saiu eleito não foi uma eleição livre, não foi uma eleição competitiva", declarou o juiz Zerpa no domingo ao canal EVTV na cidade de Orlando, na Flórida.

Mais cedo, o TSJ - de linha oficialista - anunciou em um comunicado que o juiz está sob investigação por "assédio sexual, atos lascivos e violência psicológica" contra funcionárias de seu escritório. O presidente do TSJ, Maikel Moreno, assegurou que, diante de "repetidas queixas" de "conduta indecente e comportamento imoral", as autoridades iniciaram uma ação judicial contra Zerpa.

O juiz, que abandonou o país com sua esposa e filha, anunciou que vai colaborar com as autoridades americanas para revelar supostos casos de corrupção no círculo de Maduro, assim como o controle do TSJ por parte do governo.

"Obviamente sim (vai cooperar). Estava consciente de que, ao vir aqui, isso provavelmente seria solicitado. Sabemos algumas coisas e, apesar de não termos provas documentais, temos provas testemunhais, coisas que escutamos, que vimos, algumas atitudes e, obviamente, isso vamos dizer", manifestou.

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Segundo Zerpa, "há pessoas do círculo presidencial que estão envolvidas com corrupção", afirmou, sem citar nomes. Além disso, "boa parte das decisões (do TSJ) é instruída do palácio presidencial Miraflores. É um apêndice do Executivo", acrescentou, indicando que decidiu se exilar porque temia por sua vida.

Zerpa militou no Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e é alvo de sanções financeiras do Canadá. Ele foi nomeado pela antiga maioria parlamentar oficialista em dezembro de 2015, alguns dias antes de a oposição assumir o controle da Câmara.

Maduro iniciará na quinta-feira um novo mandato de seis anos, após ser reeleito em 20 de maio em uma votação boicotada e denunciada como uma fraude pela oposição. As eleições também não foram reconhecidas pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por vários países da América Latina.

O Grupo de Lima pediu ao presidente socialista que não tome posse e transfira sua autoridade para o Parlamento - de maioria opositora - até a realização de "eleições democráticas".

O Legislativo advertiu, por sua vez, que vai considerá-lo um "usurpador". O TSJ assegurou que Zerpa é investigado formalmente desde 23 de novembro de 2018. A acusação não tornou público o processo até o anúncio de sua deserção, noticiado pela imprensa.

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