Justiça suspende audiência de prisão contra Keiko Fujimori por caso Odebrecht

Justiça suspende audiência de prisão contra Keiko Fujimori por caso Odebrecht

Decisão se deve à queixa da advogada, que afirmou que Promotoria não lhe antecipou as novas provas contra sua cliente

AFP

Keiko foi libertada da prisão em novembro, onde passou quase 13 meses

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Um tribunal de Justiça peruano suspendeu nesta quinta-feira a audiência de pedido de prisão preventiva da líder da oposição Keiko Fujimori, que foi libertada da prisão há um mês, depois que a Promotoria se recusou a entregar a defesa de novas provas relacionadas ao escândalo da construtora brasileira Odebrecht. "Suspende-se a audiência para 28 de dezembro, seria continuada em 31 de dezembro e 2 de janeiro de 2020", anunciou o juiz Víctor Zuñiga, após 30 minutos de sessão.

A decisão se deve à queixa da advogada Giulliana Loza, que afirmou que a Promotoria não lhe antecipou as novas provas contra sua cliente. A audiência tinha sido considerada "inadiável" pelo Poder Judiciário e não contou com a presença de Keiko Fujimori. "Vou acompanhar a audiência da casa de minha mãe, em companhia de minha família e (a advogada) Giulliana Loza vai expor minhas razões e defesa técnica. Se ainda houver um pouquinho de justiça e de Estado de direito, este pedido repetido não vai passar", escreveu a líder opositora no Twitter.

O promotor José Domingo Pérez pediu ao juiz Víctor Zuñiga que emitisse uma ordem de 36 meses de prisão preventiva. No mandado, alegou que existe o risco de fuga e obstrução da Justiça por parte Keiko Fujimori, após novas provas surgidas nas últimas semanas. O pedido contra a líder do partido Força Popular (direita radical) será avaliado a um mês das eleições extraordinárias no Congresso. Seu grupo aparece em segundo lugar nas pesquisas, atrás da Ação Popular, de centro. Keiko, de 44 anos, rejeitou as acusações do promotor sobre risco de fuga. 

O promotor Pérez estima que há novos elementos contra Keiko, a quem ele acusa de receber dinheiro sujo da construtora brasileira Odebrecht e de outras fontes para financiar suas campanhas eleitorais de 2011 e 2016. À acusação de lavagem de dinheiro, Pérez quer acrescentar as de obstrução de Justiça, associação ilícita, fraude processual e organização criminosa.

Durante a audiência, realizada em meio a uma greve judiciária parcial, o juiz Zuçniga surpreendeu ao ler uma série de pedido por melhorias salariais. "Que nosso clamor por justiça e dignidade seja escutado", disse o magistrado no início da audiência. A sessão foi transmitida ao vivo por diversas emissoras.

A primogênita do ex-presidente preso Alberto Fujimori (1990-2000) foi solta em 29 de novembro, depois de passar quase 13 meses em prisão preventiva. A opositora foi enviada para a prisão em 31 de outubro de 2018 por supostamente interferir nas investigações contra ela. A defesa de Keiko Fujimori está confiante em que, desta vez, o juiz rejeitará a ordem de prisão.

A Promotoria, que aceitou com relutância a decisão do Tribunal Constitucional, retornou à acusação após obter no Brasil uma declaração de um ex-executivo da Odebrecht, Luiz Eduardo da Rocha Soares. Perante os promotores peruanos, ele confirmou a contribuição de 1 milhão de dólares da empresa para a campanha da líder da Força Popular em 2011. Registrado como "Campanha Nacional", esse dinheiro seria repassado para sua candidatura por meio de Caixa 2 do setor de "operações estruturadas" da Odebrecht. Este setor era usado para gerenciar propinas e financiamentos não declarados para partidos políticos, segundo o portal IDL.


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