Líbano registra protestos em dia crucial para plano de reformas

Líbano registra protestos em dia crucial para plano de reformas

Este é o quinto dia de movimento inédito contra medidas do governo

AFP

Libaneses pedem queda do regime após anúncio novos impostos sobre ligações

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O Líbano se prepara nesta segunda-feira para novas manifestações, em um dia crucial do inédito movimento de protestos contra os políticos, enquanto o governo tenta retomar o controle com a apresentação de um plano de reformas, uma tarefa árdua ante a irritação popular cada vez maior.

Enquanto as ruas do Líbano registram protestos há cinco dias, o governo iniciou um conselho de ministros extraordinário, com a presença do primeiro-ministro Saad Hariri e do presidente Michel Aoun. A imprensa libanesa afirma que o objetivo do Executivo é provocar um "choque", com a promessa de aprovar reformas, algo impossível até o momento pelas disputas e divisões políticas.

Nos últimos anos, a qualidade de vida dos libaneses piorou, com cortes frequentes do fornecimento de água e energia elétrica, 30 anos após o fim da guerra civil (1975-1990). A imprensa libanesa considera esta segunda-feira o dia da verdade para o governo.

O jornal L'Orient Le Jour questiona se o plano, que prevê a princípio medidas concretas e rápidas, bastará para acalmar os manifestantes. Desde o início da manhã, manifestantes bloqueavam avenidas em todo o país. A convocação para os protestos era cada vez mais intensa nas redes sociais. Bancos, universidades e escolas permanecerão fechados nesta segunda-feira.

No domingo, centenas de milhares de pessoas saíram às ruas para exigir uma mudança radical de um sistema político acusado de corrupção e clientelismo, em meio a uma grave crise econômica. De Beirute até a cidade de maioria sunita de Trípoli, ao norte, passando pelas cidades xiitas do sul e as localidades drusas ou cristãs do leste, os libaneses demonstraram uma inédita unidade para criticar os políticos.

Aos gritos de "revolução" ou o "o povo quer a queda do regime", milhares pessoas invadiram o centro da capital. O movimento nasceu de forma espontânea na quinta-feira, após o anúncio de uma tarifa para as ligações feitas pelo aplicativo de mensagens WhatsApp, medida que foi cancelada por pressão das ruas.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro Saad Hariri deu prazo de 72 horas a sua frágil coalizão para que apoie suas reformas bloqueadas pelas divisões políticas. Mas o discurso foi interpretado pelos manifestantes como uma tentativa de salvar a classe política.

De acordo com fontes do governo, o plano elaborado por Hariri recebeu no domingo a aprovação dos partidos da coalizão, dominada pelo Movimento Patriótico Livre, próximo a Aoun e ao Hezbollah. Entre as medidas esperadas, o governo deve prometer não impor mais impostos e adotar um importante programa de privatizações. Mas as mudanças prometidas não parecem suficiente para acalmar os manifestantes.


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