Lam anuncia retirada de lei de extradição em Hong Kong

Lam anuncia retirada de lei de extradição em Hong Kong

Medida era uma das reivindicações de manifestantes pró-democracia

AFP e Correio do Povo

Chefe do governo fez anúncio em vídeo comunicado

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A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou nesta quarta-feira que vai retirar definitivamente o polêmico projeto de lei sobre as extradições para a China, uma grande concessão aos manifestantes pró-democracia. "O governo retirará oficialmente o projeto de lei para apaziguar por completo as preocupações da população", declarou Lam em um vídeo divulgado pelo governo.

Com a intensificação do movimento de protestos em julho, a chefe do executivo da ex-colônia britânica já havia anunciado a suspensão do projeto de lei, atendendo a pedidos dos manifestantes. Lam chegou a afirmar que proposta "morreu", como tentativa de negociar trégua no movimento. Entretanto, os atos auto-intitulados "pró-democráticos" não consideraram a oferta suficiente e pressionaram autoridades pela retirada definitiva do texto.

A proposta prevê a extradição de residentes em Hong Kong para a China continental, onde seriam julgados de acordo com as normas estabelecidas pelo governo de Pequim. Após manifestantes bloquearem terminais do aeroporto local e impedir a operação de voos, as reivindicações chamaram atenção de outras autoridades ao redor do mundo, influenciando, inclusive, nas negociações comerciais entre China e Estados Unidos.

Crise política

Os manifestantes continuam a exigir a introdução do sufrágio universal ou a abertura de uma investigação independente sobre o uso da força pela polícia de Hong Kong. Por outro lado, Pequim mostrou na terça-feira que quer acalmar a situação.

O porta-voz do escritório de negócios de Hong Kong e Macau, Yang Guang, disse que os habitantes da ilha, "incluindo jovens estudantes", têm o direito de se manifestar "pacificamente". Durante os últimos três meses, Lam adotou um tom provocativo, dando a impressão de não pretendia fazer concessões.

Na terça-feira, durante coletiva de imprensa, afirmou que não pretendia renunciar, depois que uma gravação de áudio vazou. Nela, Lam diz que queria deixar seu posto e que só tinha um espaço de manobra "muito limitado" para resolver a crise.

Consessões

Essas informações, e a esperança de apaziguamento da crise, aqueceram o mercado financeiro. A bolsa de Hong Kong fechou com alta de quase 4%, depois de ter perdido mais de 10% desde o início dos protestos. As ações da companhia aérea Cathay Pacific, à qual Pequim deu um alerta devido ao apoio de certos funcionários ao movimento, subiram 7,21%.

Mas não é certo que essa concessão seja suficiente para acalmar os manifestantes, que exigem mais mudanças. "Não é o suficiente, tarde demais", declarou Joshua Wong, que em 2014 foi o rosto visível do "Movimento dos Guardas-chuva" e que foi preso brevemente na semana passada, durante uma ação contra as principais figuras da atual mobilização.

"Também pedimos ao mundo que esteja atento a essa tática e que não seja enganado por Hong Kong e pelo governo chinês. Na realidade, eles não cederam em nada, e preparam uma repressão em larga escala", acrescentou. Nos diferentes fóruns na internet usados pelo movimento pró-democracia também apareceram comentários indicando que isso não significaria o fim dos protestos.

"Mais de mil pessoas foram presas, um número incalculável de feridos", indicava uma mensagem amplamente divulgada no aplicativo de mensagens Telegram. "Cinco exigências principais, nenhuma a menos. Libertem HK (Hong Kong), revolução agora", acrescentava.


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