Laptops dados pelo governo venezuelano a estudantes acabam em cassinos

Laptops dados pelo governo venezuelano a estudantes acabam em cassinos

Polícia apreendeu mil aparelhos em locais de jogos de azar

AFP

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O falecido presidente Hugo Chávez sonhava em dar laptops a todos os jovens venezuelanos, mas o programa abriu uma nova frente de corrupção e os equipamentos acabaram inclusive em cassinos, revelou a Procuradoria nesta sexta-feira. Mil desses computadores foram apreendidos durante operações policiais recentes em "locais de jogos de azar" e depois entregues ao Ministério da Educação, disse o procurador-geral, Tarek William Saab, à imprensa.

É um número baixo diante dos quatro milhões de laptops entregues a estudantes desde 2009, mas as múltiplas modalidades para seu desvio enumeradas pelo procurador dão a ideia de um problema maior. Saab denunciou solicitações simuladas para a atribuição de equipamentos, que funcionam com software livre desenvolvido na Venezuela, roubo de unidades em depósitos para sua posterior comercialização e até contrabando para a Colômbia. O funcionário também assinalou pais que venderam laptops dados a seus filhos, ou que os usavam para fins pessoais.

É comum ver computadores à venda em sites de comércio eletrônico, uma situação que tem de fundo a aguda crise socioeconômica com escassez de todo o tipo de bens básicos e hiperinflação. Chávez, que morreu em 2013, lançou o plano com o lema "computadores para todos", e seu sucessor, Nicolás Maduro, o mantém. O falecido presidente apareceu em vários atos entregando os equipamentos em escolas de zonas populares e dando recomendações para seu cuidado.

"Tome o seu computador, meu filho. Cuide dele, aproveite para estudar, para aprender. Tem que cuidar, não pode sentar em cima dele, não pode jogar como uma bola", afirmou em uma ocasião Chávez, que pensava até em exportar os laptops locais. A ONG Transparência Internacional considera a Venezuela um dos países mais corruptos, colocando-a na 169ª posição de 180 nações avaliadas.

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