Liz Truss renuncia ao cargo de premiê do Reino Unido

Liz Truss renuncia ao cargo de premiê do Reino Unido

Conservadora já estava sendo criticada por conta dos pacotes econômicos

Correio do Povo

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Alvo de uma crise política no Reino Unido, Liz Truss renunciou nesta quinta-feira ao cargo de primeira-ministra. O anúncio foi feito por ela após ficar apenas seis semanas no poder. "Dada a situação, não posso cumprir o mandato para o qual fui eleita pelo Partido Conservador", disse Truss, que se torna a chefe de governo de vida mais curta na história contemporânea do Reino Unido. O substituto será escolhido até 28 de outubro. 

Hoje cedo, ela ainda parecia aferrar-se ao poder, com seu porta-voz garantindo que ela estava "trabalhando" com seu ministro das Finanças, Jeremy Hunt, para preparar seu plano econômico de médio prazo, após uma quarta-feira catastrófica para ela. Ao final da manhã, porém, reuniu-se com o deputado à frente do poderoso Comitê 1922, encarregado da organização interna do Partido Conservador - e, portanto, de um possível procedimento de substituição.

A situação de Truss à frente do cargo era insustentável há semanas. Ela foi inclusive alvo de colegas do partido Conservador. A parlamentar britânica Sheryll Murray disse hoje que apresentou uma "carta de desconfiança" contra a então primeira-ministra. "Eu tinha grandes expectativas para Liz Truss, mas depois do que aconteceu ontem à noite, sua posição se tornou insustentável e enviei uma carta a Sir Graham Brady", disse Murray, em mensagem no Twitter, referindo-se ao chefe da comissão de conservadores que define regras para selecionar e mudar o líder do Partido Conservador.

O líder dos trabalhistas, Keir Starmer, perguntou ontem ao Parlamento: para que serve uma primeira-ministra, cujas promessas não duram uma semana?". Ele puxou o coro "fora, fora!", acompanhado por seus correligionários. "Por que continua aqui?", concluiu o líder da oposição.

A crise começou no final de setembro, quando seu então ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, apresentou um pacote de medidas econômicas com cortes significativos de impostos e um colossal auxílio para as contas de energia - duas questões que suscitaram temores de um descontrole dos gastos públicos.

A libra caiu a níveis históricos, e os juros de empréstimos a famílias e empresas ficaram mais caros. O Banco da Inglaterra precisou intervir para impedir que a situação não degenere em crise financeira.

A saída foi demitir Kwarteng. Em seu lugar, Jeremy Hunt foi escalado para amenizar a crise e logo nos primeiros dias como ministro das Finanças admitiu os erros do governo e garantiu que tomaria "decisões muito difíceis" diante da crise que o país atravessa. Hunt anunciou na ocasião que "alguns impostos não serão cortados tão rápido quanto as pessoas gostariam. Alguns vão subir". Medidas que foram na contramão da proposta inicial elaborada pelo antecessor e defendidas por Truss. 


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