Maduro multiplicará por 34 valor do salário mínimo na Venezuela

Maduro multiplicará por 34 valor do salário mínimo na Venezuela

Valor estará vinculado ao valor da criptomoeda criada pelo governo para obter liquidez

AFP

Venezuela enfrenta escassez de alimentos e medicamentos além de alta variação inflacional

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta sexta-feira que multiplicará por 34 o valor do salário mínimo, como parte de seu programa de recuperação econômica. Maduro precisou que o mínimo ficará "ancorado" ao valor do petro, a criptomoeda criada pelo governo socialista para obter liquidez.

Cada petro, segundo o presidente, equivale a cerca de 60 dólares, com base no preço do barril do petróleo venezuelano. "Fixei o salário mínimo, as aposentadorias e a base dos salários para todas as faixas salariais do país em meio petro, 1.800 bolívares (da nova moeda que entrará em vigor na segunda-feira)", revelou Maduro em mensagem à Nação. Em bolívares de hoje, o salário mínimo passaria a 5,2 milhões (menos de um dólar no câmbio negro) para 180 milhões (cerca de 28 dólares).

Este reajuste, de 3.464%, será o quinto do ano. O salário mínimo, que não é suficiente para se comprar um quilo de carne, é dissolvido em um país onde a inflação anual deve atingir 1.000.000% em 2018, segundo o FMI. Apesar de prometer a adoção de um programa de "disciplina fiscal", Maduro disse que o Estado assumirá, por 90 dias, a "diferença" do aumento do salário mínimo para todas as "pequenas e médias indústrias do país", sem precisar como. 

"Temos que seguir para uma disciplina fiscal prussiana e eliminar definitivamente a emissão de dinheiro não orgânico e sustentar a emissão de dinheiro na produção de riqueza, de petróleo, de ouro, turismo", disse o presidente. Maduro também anunciou um aumento do IVA para os bens de luxo de 12% para 16%. À reconversão monetária, a segunda depois da realizada pelo ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013) em 2008, que cortou três zeros do bolívar, também deve ser acompanhada por um aumento do preço da gasolina, subsidiada no país.

O governo manterá o subsídio para os que têm um carnê que dá acesso a benefícios sociais. Os demais consumidores pagarão a gasolina a "preços internacionais", segundo Maduro, que não deu detalhes. Os interessados deveriam cadastrar seus veículos até esta sexta-feira, o que gerou enormes filas nos pontos de registro. Segundo o presidente, até agora estão registradas 1.863.750 pessoas para receber a gasolina subsidiada. Maduro decretou feriado na segunda-feira para a adequação do novo sistema.

Os caixas eletrônicos - indispensáveis na Venezuela para qualquer transação diante da falta de dinheiro em espécie - serão suspensos por até 24 horas a partir das 18H00 local de domingo (22H00 GMT). A Venezuela enfrenta uma severa crise econômica, traduzida por inflação galopante e escassez de alimentos, gêneros de primeira necessidade e medicamentos.

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