Maha Vajiralongkorn é coroado rei Rama X da Tailândia

Maha Vajiralongkorn é coroado rei Rama X da Tailândia

Novo monarca inicia reinado sob desafio de unificação dividido

AFP

Coroação em cerimônia religiosa representa a transformação de ser humano em figura divina

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Maha Vajiralongkorn foi oficialmente coroado neste sábado rei da Tailândia sob o nome de Rama X em uma cerimônia de cores hindus e budistas no Grande Palácio de Bangcock. O Rei Rama X, 66 anos, colocou a "Grande Coroa da Vitória", de ouro e diamantes e mais de 7 quilos de peso, tornando-se formalmente o monarca do país asiático 3 anos após a morte de seu pai, Bhumibol Adulyadej.

Ao pronunciar seu primeiro e breve discurso real, comprometeu-se a reinar com justiça em benefício do povo tailandês. Sua quarta esposa, Suthida, com quem se casou em uma cerimônia surpresa dias antes da coroação, foi investida como rainha, ajoelhada com respeito em frente ao marido, sentado no trono. A maioria dos tailandeses acompanhou pela primeira vez a grandiosa cerimônia de coroação do rei da Tailândia, que tentará encarnar a unidade de um reino dividido e ainda à espera do resultado das eleições legislativas de março.

Em parte ofuscada pela abdicação do imperador do Japão, Vajiralongkorn será conhecido como Rama X da dinastia Chakri, que reina na Tailândia desde 1782. As cerimônias começaram com o rei vestido com uma bata branca. O monarca se banhou com água sagrada vinda de diversos pontos do país, em meio à uma salva de artilharia e cantos budistas.

Para religiosos locais, a coroação de Rama X representa também a transformação do monarca de ser humano a uma figura divina. "É ótimo ter a oportunidade de fazer parte disso. Estou aqui para capturar as emoções das pessoas", disse Jakarin Kerdchok, 16 anos, que tirou inúmeras fotos nas imediações do palácio. O novo monarca terá o desafio de unir uma Tailândia que registrou nada menos que 12 golpes de Estado desde 1932.

Cerimônia ancestral

No domingo será organizado um grande desfile com militares em uniformes tradicionais, durante o qual o monarca será transportado em uma liteira dourada, carregada nos ombros por soldados. Na segunda-feira o novo rei aparecerá em uma das varandas do Grande Palácio de Bangcoc. Também receberá diplomatas estrangeiros em audiência.

A cerimônia ancestral de três dias é inédita no país em quase sete décadas. A última vez ocorreu em 1950, com a coroação do rei Bhumibol Adulyadej. A morte do monarca em 2016 conduziu seu filho, Maha Vajiralongkorn, ao trono, mas a coroação em si demorou quase três anos, em um país onde o calendário real segue um ritmo próprio. Os tailandeses se preparam para o evento especial há várias semanas.

Protetor

Retratos gigantescos dos rei foram instalados nas ruas da capital. "As imagens do rei são um pilar espiritual para os tailandeses. É como se estivesse ao nosso lado o tempo, para nos proteger", disse Chanan Wangthamrongwit, vendedor de fotos do monarca. De modo geral, os tailandeses passam toda a vida diante de um retrato do soberano, diante do qual devem se ajoelhar.

O falecido Bhumibol Adulyadej implementou um eficiente culto à personalidade e sua foto está presente em todas as casas do país. A popularidade de seu filho, no entanto, é difícil de avaliar, já que a discussão pública de temas sobre a realeza continua um tabu no país.

Nos três anos desde a morte de seu pai, Maha Vajiralongkorn demonstrou grande habilidade tática e - assim como o pai - desempenha um papel influente além da condição de monarca constitucional. Nas recentes eleições legislativas, o rei atuou diretamente em duas ocasiões. Primeiro ele impediu o desejo de sua irmã de ser candidata ao cargo de primeira-ministra por um partido de oposição e depois enviou uma mensagem de apoio aos militares.

Os generais protagonizaram um golpe de Estado em 2014 alegando que atuavam em defesa da monarquia. A ideia foi defendida pelo partido de apoio à Junta Militar nas eleições de 24 de março. Desesperada pela ausência de resultados definitivos, a oposição tailandesa formou uma coalizão anti-Junta.

A oposição reivindica a vitória nas legislativas, mas os generais, fortalecidos pelo apoio recebido do palácio real, não mostram sinais de que estão dispostos a ceder o poder. No domingo, o comandante da junta, general Prayut Chan-O-Cha, e o comandante do exército, general Apirat Kongsompong, marcharão diante da liteira real, em uma mensagem simbólica ao país.

Os militares destinaram mais de 26 milhões de euros para a cerimônia. Os organizadores esperam a participação de 200.000 pessoas na cerimônia e na procissão, mas nenhum líder estrangeiro foi convidado, de acordo com a "tradição", informou a chancelaria.


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