Mais de 70 deputados britânicos pedem extradição de Assange
Hacker deve responder por acusações de agressão sexual na Suécia
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Mais de 70 parlamentares britânicos assinaram uma carta na qual pedem ao governo que faça todo o possível para permitir a extradição de Julian Assange à Suécia, caso as autoridades suecas solicitem a medida. O fundador do WikiLeaks foi detido na quinta-feira na embaixada do Equador em Londres, onde havia obtido asilo há sete anos para fugir de uma ordem de detenção britânica por acusações de estupro e agressão sexual na Suécia - que Assange sempre negou -, um caso arquivado desde então, mas cuja demandante deseja a reabertura.
O australiano de 47 anos foi igualmente detido em relação a um pedido de extradição dos Estados Unidos, país que considera Assange uma ameaça para sua segurança e quer julgá-lo. Os deputados querem que o ministro britânico do Interior, Sajid Javid, dê prioridade à possível solicitação de extradição da Suécia. "Escrevemos para pedir que faça todo o possível para apoiar uma ação que garantirá que Julian Assange possa ser extraditado à Suécia, caso a Suécia solicite a extradição", afirma os parlamentares em uma carta enviada ao ministro e compartilhada no Twitter pela deputada trabalhista Stella Creasy.
Tonight over 70 parliamentarians stand with victims of sexual violence, and are calling on both the Home Secretary and the shadow Home Sec to urge them both to be champions of action to ensure Julian Assange faces Swedish authorities and is extradited there if they so request: pic.twitter.com/uaJMM984Cc
— stellacreasy (@stellacreasy) April 12, 2019
"Isto permitiria encerrar a investigação sobre uma acusação de estupro e, se for adequado, apresentar acusações e organizar um julgamento", acrescentam os deputados. Os parlamentares, que afirmam ao mesmo tempo que isto "não pressupõe a culpa" de Assange, consideram que a denunciante deve "ver a justiça acontecer". A carta indica que a acusação de estupro tem um "limite de tempo que expira em agosto de 2020".
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A carta foi enviada também a Diane Abbott, ministra do Interior do gabinete "fantasma" do Partido Trabalhista, o principal da oposição. "Nenhuma acusação de estupro apresentada pelas autoridades suecas deveria ser ignorada", escreveu Diane Abbott no Twitter. "Mas o único pedido de extradição vem dos Estados Unidos", destacou, antes de recordar que o Partido Trabalhista é contrário a esta solicitação.
Home Secretary claims law applies to everyone. But no-one argued that Julian Assange's skipping bail here should be ignored. It's the extradition to the US that is at issue, where he faces lengthy imprisonment for whistle blowing of US military operations in Iraq.
— Diane Abbott (@HackneyAbbott) April 11, 2019
Julian Assange foi acusado em dois casos, um de estupro e outro agressão sexual, na Suécia. A denúncia por agressão sexual prescreveu em 2015 e a Suécia arquivou as acusações no segundo caso em maio de 2017, por falta de possibilidade de avançar na investigação. Com o anúncio da detenção de Julian Assange, a advogada da denunciante pediu a reabertura da investigação e o MP sueco confirmo que está examinando a solicitação.
Julian Assange enfrentava a possibilidade de uma condenação a seis anos de prisão. Assange, que foi apresentado na quinta-feira a um tribunal londrino, poucas horas depois da detenção, foi declarado culpado de fugir da justiça, um delito que pode ser punido com um ano de prisão. A sentença deve ser anunciada em breve. O pedido de extradição americano por "hackear" será examinado em uma audiência em 2 de maio.