Mais de um terço da humanidade está confinada por pandemia

Mais de um terço da humanidade está confinada por pandemia

Quase três bilhões de pessoas estão em suas casas para evitar o contágio com o novo coronavírus

AFP

A 42ª rua, em Nova Iorque, aparece vazia após as recomendações de isolamento

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Mais de um terço da população mundial estava confinada nesta quarta-feira, depois que a Índia aderiu ao isolamento para frear a propagação do novo coronavírus, que na Espanha superou o número de mortes da China, berço da pandemia. A pandemia "está ameaçando toda a Humanidade", disse nesta quarta-feira o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, ao lançar um plano de resposta global que vai até dezembro, que inclui doações de até 2 bilhões de dólares. 

O objetivo do "Plano Mundial de Resposta Humanitária à Covid-19" é combater o vírus "nos países mais pobres do mundo" e responder às necessidades das pessoas mais vulneráveis, afirmou Guterres. Ao mesmo tempo, o Senado dos Estados Unidos chegou a um acordo com a Casa Branca para um gigantesco pacote de ajuda de dois trilhões de dólares, enquanto a Espanha registrou 738 mortes em 24 horas e agora acumula 3.434 vítimas fatais, superada apenas pela Itália. Mais da metade das mortes (53%) se concentram na região de Madri, a mais afetada pela epidemia. A situação na capital espanhola é tão grave que uma pista de gelo foi transformada em necrotério e um hospital de campanha foi instalado em um centro de convenções. 

Com o confinamento na Índia, segundo país mais populoso do mundo, quase três bilhões de pessoas estão confinadas em suas casas. No país, o barulho constante deu lugar a uma calma irreal, com aviões e trens parados, ruas vazias, regiões que fecharam fronteiras e um lema repetido a todo momento: "Fiquem em casa". Mas na calma também há surtos de paranoia. Aldeias protegidas com barricadas, policiais autorizados a atirar nos que violarem o confinamento ou cartazes pregados nas portas daqueles que viajaram para o exterior.

Adiamento de votação na Rússia

A propagação da pandemia levou o presidente russo Vladimir Putin - em seu último mandato sob o marco legal atual - a adiar por tempo indeterminado a votação sobre a reforma constitucional e a declarar licença de trabalho no país durante a próxima semana. "Acredito que a votação tem que ser adiada para uma data posterior", afirmou Putin em referência ao plebiscito previsto para 22 de abril, em um discurso incomum exibido na televisão.

Em todo o planeta, a Covid-19 provocou mais de 19 mil mortes e mais de 427 mil casos de contágio em 181 países ou territórios, de acordo com o balanço da AFP estabelecido a partir de informações oficiais. Os dados refletem apenas uma parte do número real de infectados: muitos países fazem exames apenas em pacientes que precisam de internação. E mais uma pessoa entrou para a lista de famosos infectados com o temível vírus, o príncipe Charles, de 71 anos, filho mais velho da rainha Elizabeth II e herdeiro ao trono britânico, apresentou resultado positivo, mas está com "boa saúde", segundo um comunicado oficial. 

Ajuda aos mercados

No plano econômico, os mercados mundiais receberam um impulso com o anúncio de um plano de ajuda de 2 trilhões de dólares dos Estados Unidos ante a crise da Covid-19. As Bolsas europeias operavam em alta. Este é o "maior pacote de resgate na história dos Estados Unidos", afirmou o líder democrata no Senado, Chuck Schumer.

Nos Estados Unidos, com 700 mortos e 53 mil casos de contágio, quase 40% da população está confinada em casa ou a ponto de entrar em isolamento, com restrições que variam de um estado a outro. O presidente Donald Trump não concorda, no entanto, com um confinamento prolongado. "Temos que voltar ao trabalho muito antes do que as pessoas pensam", declarou ao canal Fox News 

"Pior que a guerra"

Nos países mais afetados, os hospitais estão saturados e os profissionais da área da saúde esgotados e expostos ao contágio por falta de máscaras e material de proteção. Os mortos são enterrados ou cremados rapidamente. Na Itália, o balanço diário continua sendo um pesadelo: na terça-feira morreram 743 pessoas. "É pior que uma guerra", afirmou Orlando Gualdi, prefeito de Vertova, perto de Bérgamo (norte), uma pequena cidade onde o vírus matou mais pessoas que a Segunda Guerra Mundial. Na África, América Latina e Europa, medidas como toque de recolher, confinamentos, fechamento do comércio e restrições do comércio são cada vez mais adotadas. 

Muitos cientistas consideram que ações drásticas deste tipo são as únicas que podem frear a doença, contra a qual não existe vacina ou tratamento. A Colômbia iniciou nesta quarta-feira um confinamento geral de 19 dias. "O confinamento é atualmente a única estratégia verdadeiramente operacional", ressaltou o Conselho Científico da França. Mas o presidente brasileiro Jair Bolsonaro pensa como Trump e comparou as medidas de confinamento e o fechamento do comércio e do serviço público em vários estados e municípios com uma política de "terra arrasada". "Devemos manter os empregos e preservar o sustento das famílias", disse. "O grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas?", questionou. 

Como prevenir o contágio do novo coronavírus 

De acordo com recomendações do Ministério da Saúde, há pelo menos cinco medidas que ajudam na prevenção do contágio do novo coronavírus:

• lavar as mãos com água e sabão ou então usar álcool gel.

• cobrir o nariz e a boca ao espirrar ou tossir.

• evitar aglomerações se estiver doente.

• manter os ambientes bem ventilados.

• não compartilhar objetos pessoais.

 


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