Manifestante contrária à guerra invade telejornal na Rússia

Manifestante contrária à guerra invade telejornal na Rússia

Segundo a ONG de defesa dos direitos dos manifestantes OVD-Info, a manifestante, Marina Ovsiannikova, é funcionária da rede

AFP

A cena ocorreu durante o principal noticiário noturno da rede Pervy Kanal, chamado "Vremia"

publicidade

Uma mulher invadiu na noite desta segunda-feira o telejornal de maior audiência na Rússia portando uma faixa que criticava a ofensiva militar na Ucrânia, uma cena incomum em um país onde as informações são controladas. Segundo a ONG de defesa dos direitos dos manifestantes OVD-Info, a manifestante, Marina Ovsiannikova, é funcionária da rede. A organização informou que ela foi levada para a delegacia.

A cena ocorreu durante o principal noticiário noturno da rede Pervy Kanal, chamado "Vremia", acompanhado por milhões de russos desde a época soviética. Enquanto a apresentadora Ekaterina Andreieva falava, Marina surgiu por trás, exibindo uma faixa que dizia "Não à guerra. Não acreditem na propaganda. Estão mentindo para você aqui. Os russos são contra a guerra".

Acompanhe o avanço das tropas russas na Ucrânia a cada dia

A apresentadora continuou falando por alguns segundos, enquanto a manifestante gritava: "Não à guerra!". Em seguida, a rede exibiu uma reportagem sobre os hospitais, cortando as imagens do estúdio.

"Uma investigação interna sobre esse incidente está sendo realizada", declarou a emissora. Em vídeo gravado previamente e divulgado pela OVD-Info, Marina explica que, por seu pai ser ucraniano, e sua mãe, russa, ela não vê os dois países como inimigos.

"Infelizmente, trabalhei para a Pervy Kanal nos últimos anos, fazendo propaganda para o Kremlin. Hoje, tenho muita vergonha disso", diz a funcionária. "Tenho vergonha de ter permitido que mentiras fossem ditas pela TV e de ter permitido que o povo russo fosse 'zumbificado'."

O vídeo se espalhou pelas redes sociais, e muitos internautas elogiaram "a coragem" de Marina, em um contexto de forte repressão contra qualquer forma de dissidência.

Na tentativa de controlar qualquer informação sobre o conflito, autoridades bloquearam a maioria dos meios de comunicação independentes e as principais redes sociais, como Twitter e Facebook. A maioria dos russos só tem acesso à versão do governo e a de veículos como a Pervy Kanal sobre a "operação militar especial" destinada a "desnazificar" a Ucrânia e impedir "um genocídio".


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895