Mauricio Macri comparece novamente à Justiça argentina por acusação de espionagem

Mauricio Macri comparece novamente à Justiça argentina por acusação de espionagem

Ex-presidente é acusado de suposta espionagem aos familiares dos 44 marinheiros que morreram no naufrágio do submarino militar ARA San Juan

AFP

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O ex-presidente da Argentina, Mauricio Macri, compareceu nesta quarta-feira a um tribunal para entregar um depoimento por escrito sobre o caso em que é acusado de suposta espionagem aos familiares dos 44 marinheiros que morreram no naufrágio do submarino militar ARA San Juan, durante o seu mandato, em 2017, e agora espera a decisão do juiz para saber se será processado.

Cercado por um grupo de dirigentes e simpatizantes de sua coalizão de centro-direita, Macri caminhou por três quarteirões até a sede do tribunal de Dolores, que fica cerca de 200 quilômetros ao sul da capital Buenos Aires, onde entregou um texto escrito no qual defendeu sua inocência, pediu o arquivamento da acusação e não respondeu perguntas.

"Não espionei ninguém. Eu nunca mandei, em meu governo, que espionassem alguém. Jamais vi qualquer relatório sobre algum familiar do ARA San Juan, nem de nenhuma outra embarcação", disse o ex-presidente no texto entregue à Justiça.

Macri, que governou o país entre 2015 e 2019, permaneceu por menos de uma hora no recinto e não deu declarações à imprensa.

Impedimento do juiz

Ao fim da audiência, Pablo Lanusse, advogado de Macri, questionou o magistrado Martín Bava, e argumentou que o ex-mandatário se encontra "ante a presença de um juiz incompetente, que não tem imparcialidade e que mostrou sua dependência do poder Executivo e de interesses obscuros", em alusão às eleições legislativas de 14 de novembro, nas quais o governo de centro-esquerda do atual presidente, Alberto Fernández, corre o risco de perder o controle do Parlamento.

Macri já tinha comparecido ao tribunal de Dolores no dia 28 de outubro, mas a audiência foi suspensa a pedido de sua defesa, porque ele não havia sido liberado do segredo de Estado. Naquele mesmo dia, Fernández baixou um decreto para isentá-lo do segredo de Estado para assuntos de inteligência.

O ex-presidente, de 62 anos, tinha faltado a duas citações anteriores: a primeira porque estava fora do país, e a segunda porque solicitou o impedimento do juiz Martín Bava.

Um primeiro pedido de impedimento do juiz foi rechaçado pela Câmara Federal de Mar del Plata, e o segundo pedido está à espera de uma resposta, prevista para 12 de novembro.

Após o depoimento entregue hoje por Macri, há um prazo de dez dias para que a Justiça decida se irá processá-lo ou arquivar a acusação.

O submarino ARA San Juan, um TR-1700 de fabricação alemã com 66 metros de comprimento, desapareceu em novembro de 2017 com 44 pessoas a bordo, quando patrulhava águas argentinas.

A embarcação foi encontrada um ano depois, a 900 metros de profundidade, com a ajuda das Marinhas de outros países.

Na ação judicial, os representantes dos familiares dos militares falecidos no naufrágio do ARA San Juan alegam que eles foram alvo de escutas telefônicas e de outras interceptações durante o ano em que buscavam saber o que aconteceu com o submarino.

Os advogados das famílias também pediram à Justiça que determinasse a prisão preventiva do ex-presidente, mas tal medida não foi acatada pelo juiz.

Nesse mesmo caso, já são réus os ex-chefes do serviço de inteligência do governo Macri, Gustavo Arribas e Silvia Majdalani.


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