May afirma que Brexit pode ser interrompido se acordo de saída for rejeitado

May afirma que Brexit pode ser interrompido se acordo de saída for rejeitado

Premiê inglesa defendeu que o fracasso em entregar o Brexit causaria "danos catastróficos"

Correio do Povo

"Nós nunca tivemos um referendo neste país em que não honramos o resultado", afirmou a primeira-ministra

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Em pronunciamento na véspera da votação de seu acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), a primeira-ministra Theresa May alertou que o fracasso em entregar o Brexit causaria "danos catastróficos". "Nós nunca tivemos um referendo neste país em que não honramos o resultado", afirmou em seu discurso em uma pequena fábrica na cidade de Stoke-on-Trent, ressaltando que os parlamentares usarão "todos os dispositivos disponíveis" para "atrasar ou mesmo impedir o Brexit". Ela considera que, caso seu texto seja rejeitado na terça, isso poderá causar uma paralisação no Parlamento e a interrupção do processo.

"Temos uma instrução do povo britânico para sair e é nosso dever entregar isso, mas eu quero fazê-lo de uma maneira que seja suave e ordenada e proteja os empregos e a segurança. O acordo honra o voto no referendo traduzindo as vontades das pessoas em um plano detalhado e prático para um futuro melhor", disse. Segundo May, ela tem trabalhado para conseguir os votos necessários, e parlamentares que vinham mostrando dúvidas nos últimos tempos lhe disseram que apoiarão o acordo. No entanto, a rejeição é esperada. De acordo com a BBC, cerca de 100 deputados conservadores e os 10 deputados do Partido Unionista Democrático vão se juntar aos trabalhistas e aos liberais democratas no voto contra o acordo de saída.

A premiê classificou que ir adiante com o "divórcio" sem acordo ou desistir do Brexit geraria risco de "subversão do processo democrático". Ela comentou que há visões claramente diferente sobre as consequências da primeira opção, afirmando que a sua opinião é que "embora possamos, no final das contas, obter sucesso em nenhum acordo, isso causaria uma interrupção significativa no curto prazo". May ainda disse que ninguém no Parlamento apresentou um acordo alternativo para o Brexit que seja negociável e que cumpra o resultado do referendo.

A líder do governo defendeu que um novo referendo não será realizado e afastou a possibilidade de pedir a extensão do prazo ou a revogação do Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que dispõe sobre a saída da UE. "Na campanha, ambos os lados tiveram muitas diferenças, mas em uma coisa eles estavam unidos. O que o povo britânico decidisse, os políticos implementariam. No período que antecedeu a votação, o governo afirmou muito claramente 'esta é a sua decisão, o governo implementará o que você decidir'. Esses foram os termos em que as pessoas deram seus votos. Se a maioria tivesse sido apoiada, o Reino Unido teria continuado como um estado membro da UE", afirmou.

Apelo final

Em uma nova iniciativa para tentar evitar a rejeição, a premiê, cujo partido conservador é minoria na Câmara dos Comuns, vai falar aos deputados, às 15h30min desta terça (horário de Londres). Fontes de Downing Street vazaram aos meios de comunicação britânicos que a primeira-ministra vai se centrar no mecanismo de salvaguarda para uma fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda. De acordo com as partes do discurso antecipadas na noite passada pelo gabinete da primeira-ministra, May vai evocar o episódio do referendo de 1997 que levou à criação do Parlamento do País de Gales.

Acordo do Brexit não pode ser modificado

Autoridades da União Europeia afirmaram nesta segunda que o acordo de saída assinado com Londres não pode ser modificado, em uma carta ao governo britânico, na qual eles dizem que queriam evitar a entrada em vigor de seu aspecto mais polêmico. "Como sabem, não estamos em posição de aceitar nada que modifique ou seja contraditório em relação ao Acordo de Retirada", afirmaram o presidente da União Européia, Donald Tusk, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em um comunicado publicado na véspera da votação histórica sobre o texto pelo Parlamento britânico.

O texto afirma ainda que o bloco "não quer que o 'backstop' entre em vigor", referindo-se ao polêmico mecanismo criado para evitar uma fronteira delicada na ilha da Irlanda. A União Europeia também reafirma que os esclarecimentos que já havia feito para tranquilizar Londres em pontos controversos de seu acordo de divórcio, que segundo o bloco, têm "valor legal".

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