Militares veem agressão ao Brasil durante ajuda humanitária

Militares veem agressão ao Brasil durante ajuda humanitária

Forças venezuelanas dispararam bombas de gás contra o território brasileiro

AE

Militares brasileiros consideraram agressão mobilização das forças venezuelanas na fronteira

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Depois do confronto envolvendo cidadãos venezuelanos radicados no Brasil e militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) na fronteira entre os dois países ontem, o Estado ouviu as primeiras impressões de oficiais do Exército envolvidos na Operação Acolhida e integrantes do pelotão de fronteira do 7.º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), responsável pela segurança na fronteira com a Venezuela. Os militares brasileiros fizeram uma varredura em solo próximo à linha de fronteira para afastar os últimos venezuelanos que continuavam atacando bases das forças leais a Maduro. Para eles, as forças venezuelanas "agrediram o Brasil" e avançaram sobre a fronteira ao se deslocarem até o último marco físico e revidarem as pedradas, além de terem disparado bombas de gás contra o território nacional. 

 

 Crise na Venezuela 

"Foi um episódio lamentável. Ninguém esperava que isso acontecesse no nosso território. Recebemos uma chuva de gás lacrimogêneo vindo do território venezuelano e esperamos que isso não fique assim", disse o coronel José Jacaúna, chefe da Operação Acolhida, que, segundo ele, foi afetada e paralisada ontem. "Algo deve ser feito em termos de relações internacionais. Alguma ação diplomática em face a esse governo (Maduro) que nos atacou. Não há uma ofensa ao território nacional, mas há rusga." "Quem vai dizer que foi uma agressão ao País é o presidente (Jair Bolsonaro), nosso comandante. Não reconhecemos o governo Maduro. A diplomacia já disse isso e é quem deve se manifestar", completou.

A situação foi comparada por um militar a conflitos ocorridos durante a missão de paz da ONU no Haiti, liderada pelo Brasil. Ele pediu para não ser identificado e disse que o Exército agiu apenas com alguns militares desarmados na linha de fronteira para "evitar uma escalada desnecessária da violência". Até o começo da noite, o governo brasileiro não havia se manifestado em relação à declaração do comandante da Operação Acolhida. 

Tranquilidade

Em entrevista ao Estado publicada neste sábado, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, disse que "não há possibilidade de confronto militar" entre Brasil e Venezuela apesar dos conflitos como os registrados na fronteira na sexta-feira e ontem. "A determinação que nós recebemos do presidente Jair Bolsonaro é de que, de jeito nenhum, as Forças Armadas brasileiras atravessarão a fronteira", disse o general. "De forma alguma nós vamos manter qualquer ingerência em relação ao território venezuelano." O ministro também afirmou que não houve o aumento de pessoal militar em Pacaraima e que "a posição das nossas forças no local é de completa normalidade".

Tensão na Venezuela 

O clima de violência na Venezuela se acentuou neste sábado, depois da chegada de ajuda humanitária por parte de países vizinhos. Diversos conflitos foram registrados nas fronteiras com o Brasil e Colômbia. No limite com o território brasileiro, autoridades informaram que ao menos duas pessoas morreram. 

Em Santa Elena de Uairén, cidade do lado venezuelano, os confrontos são mais violentos, especialmente entre indígenas da etnia pemon, que se mobilizaram para tentar evitar o fechamento da estrada que liga Pacairama ao interior da Venezuela.

A fronteira entre Brasil e Venezuela está fechada desde quinta-feira à noite por ordem do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. A decisão foi tomada após o governo brasileiro anunciar que iria enviar ajuda humanitária para o país vizinho, em resposta a uma convocação da oposição venezuelana liderada pelo auto-proclamado presidente interino Juan Guaidó.


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