Mourão diz que ainda avalia salto no desmatamento na Amazônia Legal

Mourão diz que ainda avalia salto no desmatamento na Amazônia Legal

General também negou ter visto os dados antes da Cúpula do Clima da ONU, a COP-26

AE

Dados foram divulgados nesta semana

publicidade

Um dia após o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informar o maior índice de desmatamento dos últimos 15 anos na Amazônia Legal, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o governo ainda avalia os números para "ver qual a realidade". O general também negou ter visto os dados antes da Cúpula do Clima da ONU, a COP-26, e disse ser preciso analisar o fenômeno à luz do tamanho da Floresta.

"Sem desfazer dos números, que obviamente não são bons, a gente tem que olhar o tamanho da Amazônia, né? Vamos ver que a Amazônia Legal tem 5 milhões de quilômetros quadrados. Então, se nós tivemos 13 mil quilômetros de desmatamento, isso dá 0,23% da Amazônia que teria sido desmatada", afirmou o vice-presidente ao deixar o Palácio do Planalto, nesta sexta-feira, para almoçar. Na avaliação do general, existe uma "pressão" de ocupação da Floresta vindo das pessoas que moram no Centro-Sul.

A jornalistas na saída de seu gabinete, Mourão declarou que trabalhava com os números do Deter, outro sistema de medição. "A nossa projeção era que (o desmatamento) ficasse 5% abaixo do ano anterior, né? O Inpe fez uma revisão do ano anterior. Se vocês olharem, diminuiu. E esse aumentou. Então, não sei se ano que vem pode dar uma reduzida nesse, também. Nós estamos analisando isso aí ainda pra ver qual é a realidade".

Vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o Inpe publica dados consolidados pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélites (Prodes), reconhecidos por especialistas como a informação técnica mais precisa sobre desmatamento na floresta amazônica. Ontem, o órgão divulgou que, entre agosto de 2020 e julho de 2021, foram desmatados 13.235 quilômetros quadrados da Amazônia Legal, o maior volume em uma década e meia e 21,97% maior que o registro no mesmo intervalo de 12 meses anterior.

O documento do INPE, no entanto, está datado de 27 de outubro, levantando suspeitas de que o governo poderia ter escondido o salto no desmatamento por 22 dias e o divulgado apenas depois da COP. Mourão, que também é presidente do Conselho da Amazônia, disse, contudo, ter tomado conhecimento dos números apenas ontem de manhã e não acreditar em atraso na divulgação de forma proposital.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895