Mundo registra recorde de quase 60 milhões de deslocados internos em 2021
Relatório indicou ainda que o número poderá aumentar por conta da guerra na Ucrânia
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O número de deslocados internos por conflitos e desastres naturais bateu recordes no ano passado e se aproximou de 60 milhões, afirma um relatório publicado nesta quinta-feira (19) por duas ONGs. Em 2021, os deslocados internos (que não incluem as pessoas que forçadas a deixar seus países) totalizaram 59,1 milhões e quase metade eram menores de 18 anos, de acordo com o Centro de Monitoramento dos Deslocamentos Internos (IDMC, na sigla em inglês), com sede em Genebra, e o Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC).
O número não para de aumentar (em 2020 foram 55 milhões) e deve registrar outro recorde este ano, devido à guerra na Ucrânia, que desde a invasão russa em 24 de fevereiro já transformou mais de 8 milhões de pessoas em deslocados internos.
"A situação nunca foi tão ruim", afirmou o secretário-geral do NRC, Jan Egeland, para quem "o mundo está desmoronando". "A situação é muito pior do que até mesmo nosso número recorde sugere. Precisamos de líderes mundiais que com uma grande mudança em seu modo de pensar para prevenir e resolver conflitos, e para acabar com esta escalada do sofrimento humano", acrescentou.
No ano passado foram registrados 38 milhões de deslocados internos. O número de 59,1 milhões foi alcançado considerando que muitas pessoas tiveram que fugir de suas casas em várias ocasiões. Do total de deslocamentos, 14,4 milhões foram provocados por situações de conflito, 50% a mais que em 2020. A África subsaariana registrou o maior número de deslocados internos, com mais de 5 milhões somente na Etiópia, afetada pela seca e por um conflito na região de Tigré. Este é o maior número de deslocados registrado na história por apenas um país em 12 meses.
O número de deslocados também foi elevado na República Democrática do Congo (RDC) e no Afeganistão, neste último país devido ao efeito combinado do retorno ao poder dos talibãs e da seca. Mianmar também registrou um aumento considerável dos deslocados após o golpe militar de fevereiro de 2021. O número de deslocamentos internos diminuiu no Oriente Médio e norte da África, consequência da relativa desescalada dos conflitos na Síria, Líbia e Iraque, embora o número de pessoas afetadas permaneça elevado nestes países.
A Síria, com 6,7 milhões de deslocados continua sendo o país com mais pessoas nesta situação. Em seguida aparecem RDC (5,3 milhões), Colômbia (5,2 milhões), Afeganistão e Iêmen (4,3 milhões). As pessoas deslocadas pelos conflitos continuam sendo as mais numerosas, mas as catástrofes naturais representam a principal causa dos deslocamentos (23,7 milhões de deslocamentos devido aos fenômenos em 2021).
Quase 94% dos deslocamentos foram provocados por desastres meteorológicos e climáticos como ciclones, inundações e secas. Os fenômenos são cada vez mais frequentes devido à mudança climática, afirma o relatório. China, Filipinas e Índia representaram no ano passado 70% dos deslocamentos internos provocados por desastres naturais.