No 1º comício da campanha, Biden pede união e chama Trump de "divisor"

No 1º comício da campanha, Biden pede união e chama Trump de "divisor"

Candidato democrata escolheu o estado da Pensilvânia para fazer discurso

AFP

Biden lançou campanha neste sábado e pregou união

publicidade

A oito meses das primárias democratas para a Casa Branca, o ex-vice-presidente americano Joe Biden lançou sua campanha, neste sábado, com um grande ato na Pensilvânia, no qual chamou o presidente Donald Trump de "divisor em chefe" do país e convocou os eleitores a impedir a reeleição do magnata republicano em 2020. "Esta nação deve se unir", disse este veterano da política a uma multidão estimada em cerca de seis mil pessoas na Filadélfia, onde instalou seu quartel-general de campanha. "Nosso presidente é o divisor em chefe", acrescentou, acusando Trump de demonizar seus oponentes e de usar bodes expiatórios para alimentar a animosidade. "Se os americanos querem um presidente que aumente nossa divisão, que lidere com os punhos fechados (...) e o coração duro, que satanize seus oponentes e verta ódio, não precisam de mim. Já têm um presidente que faz justamente isso", completou. 

O cenário escolhido para seu discurso não foi ao acaso. O estado da Pensilvânia passou para o lado republicano em 2016 e, para ganhar em nível nacional, os democratas terão de reconquistá-lo. Nascido na cidade de Scranton, popular entre os trabalhadores e o eleitorado negro e moderado, Biden parece o democrata mais bem posicionado (até o momento) para reverter esse quadro. "Talvez seja um pouquinho próximo do establishment, mas sempre foi Joe, de Scranton", disse Mickey Kirzecky durante o comício. "Vai ser difícil Trump ganhar dele", apostou. 

Desde que se lançou na corrida presidencial com uma mensagem de desafio a Trump, em 25 de abril, o ex-vice de Barack Obama abriu uma clara vantagem em relação aos demais pré-candidatos democratas. E são mais 20. A entrada de Biden na disputa coincide com o recuo do número dois nas pesquisas, o senador progressista Bernie Sanders. Na última pesquisa do site RealClearPolitics, Biden aparece com 38,1% das intenções de voto, mais do que o dobro de Sanders, com 16,4%. Todos os demais estão com menos de 10%. Biden tem a vantagem de seguir uma via de centro "em um campo tão fragmentado" quanto o do partido opositor, com 23 pré-candidatos, muitos deles progressistas, observa Robert Boatright, professor na Universidade Clark. Aos 76 anos, oito deles junto com Obama e 35 no Senado, Biden pode ter dificuldade, porém, para encarnar a mudança, pela qual os democratas tanto anseiam. 

Derrotar Trump

A esquerda do partido o tomou como alvo. A pré-candidata Elizabeth Warren, por exemplo, acusa Biden de estar do lado dos bancos, em função de uma lei apoiada por ele e que favoreceu as empresas de cartões de crédito. Já a jovem representante socialista e ambientalista Alexandria Ocasio-Cortez, eleita em novembro passado para o Congresso, disse que as medidas previstas por Biden para lutar contra o aquecimento global são excessivamente fracas. Biden respondeu hoje a essa crítica: "se querem saber qual é o primeiro e mais importante ponto da minha proposta climática é: derrotar Trump, derrotar Trump, derrotar Trump". 

Embora tenha admitido que os democratas não precisam confrontar os republicanos em todos os temas e que "acordo" não é "uma palavra ruim", manteve a pressão sobre o presidente. Segundo Biden, Trump "abraça ditadores e tiranos como (o presidente russo Vladimir) Putin e (o líder norte-coreano) Kim Jong-un". Biden fez todo o possível para ressaltar sua aliança com Obama e elogiar o "valor", o caráter e a visão do ex-presidente. 

Ao fazer isso, deu outro golpe no magnata republicano, que se gaba do bom desempenho da economia americana. "O presidente Trump herdou da administração Obama-Biden uma economia em bom estado, assim como herdou tudo o mais em sua vida", alfinetou. 


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895