Nova York é cenário de simulação para impacto de asteroide

Nova York é cenário de simulação para impacto de asteroide

Evento tornou-se regular na comunidade internacional de especialistas em "defesa planetária"

AFP

Apesar de ser uma simulação de oito anos, cientistas não conseguiram desviar objeto

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Depois de devastar a Riviera Francesa em 2013, destruir Daca em 2015 e destruir Tóquio em 2017, uma simulação internacional de impacto de asteroides foi realizada na sexta-feira e deixou Nova York em ruínas. Apesar de ser uma simulação de oito anos de preparação, cientistas e engenheiros tentaram, mas não conseguiram desviar o asteroide assassino da Grande Maçã.

O exercício tornou-se um evento regular na comunidade internacional de especialistas em "defesa planetária". A última edição começou na segunda-feira perto de Washington, com o seguinte alerta: um asteroide de cerca de 100 a 300 metros de diâmetro tinha uma chance, de acordo com cálculos gerais, de 1% de atingir a Terra no dia 29 de abril de 2027. Enquanto os meses fictícios passavam na simulação, a probabilidade de a rocha espacial gigante colidir com a Terra subiu para 10% - e depois para 100%.

A Nasa lançou uma sonda em 2021 para examinar a ameaça de perto. Em dezembro desse ano, os astrônomos confirmaram que estavam indo direto para a área de Denver e que a cidade do oeste dos EUA seria destruída. As principais potências espaciais dos Estados Unidos, Europa, Rússia, China e Japão decidiram construir seis "impactores cinéticos" - sondas destinadas a atingir o asteroide para mudar sua trajetória.

Levou tempo para construir os impactores e esperar pela janela de lançamento correta. Os impactos foram definidos para agosto de 2024. Três impactadores conseguiram atingir o asteroide. O corpo principal foi desviado, mas um pequeno fragmento continuou em um caminho mortal, desta vez em direção ao leste dos Estados Unidos.

Washington considerou enviar uma bomba nuclear para desviar a rocha de 60 metros - repetindo uma estratégia bem-sucedida que salvou Tóquio no ano passado -, mas foi prejudicada por divergências políticas. Tudo o que restava era se preparar para o impacto. Com seis meses, os especialistas só podiam prever que o asteroide estava indo para a área de Nova York. Com dois meses pela frente, confirmou-se que a cidade seria destruída.

Evacuação

O asteroide entraria na atmosfera em 69.000 quilômetros por hora explodiria 15 km acima do Central Park. A energia da explosão seria mil vezes maior que a da bomba nuclear lançada em Hiroshima. Isso destruiria tudo num raio de 15 km, segundo os cientistas. Manhattan seria completamente destruída. As janelas a até 45 km seriam espatifadas e os danos se estenderiam até 68 km do do epicentro.

As questões levantadas pelo cenário eram infinitas. Como as autoridades evacuariam dez milhões de pessoas? "Dois meses podem não ser tempo suficiente para fazer uma evacuação se você está retirando pessoas que estão presas, que precisam reconstruir suas vidas para onde estão sendo levadas", observa Brandy Johnson, um "cidadão irritado" no exercício.

O asteroide assassino é, claro, "altamente improvável", diz Paul Chodas, engenheiro da Nasa que é o designer do jogo, em entrevista à AFP. "Mas queríamos que as questões fossem expostas e discutidas", acrescentou. Os astrônomos da conferência aproveitaram a oportunidade para defender o projeto do telescópio espacial NeoCam, que ajudará os cientistas a identificar melhor os asteroides e reagir mais cedo às ameaças.

Risadinha

A ideia de que a Terra tem que se defender contra um asteroide chocava-se, no passado, com o que os especialistas chamam de "fator risadinha". Mas em 15 de fevereiro de 2013, um meteoro contribuiu para acabar com o desdém. Naquele dia, um asteroide de 20 metros apareceu do nada e explodiu quando entrou na atmosfera, 23 quilômetros acima da cidade russa de Chelyabinsk.

Os habitantes sentiram o calor da explosão a 60 km de distância. As janelas de milhares de edifícios explodiram. Mil pessoas ficaram feridas. "O aspecto positivo de Chelyabinsk foi que provocou uma consciência do público e dos políticos", disse à AFP Detlef Koschny, codiretor do Escritório de Defesa Planetária da Agência Espacial Europeia (ESA), representado por cerca de dez pessoas na conferência.

Apenas os asteroides cuja órbita os aproxima a menos de 50 milhões de quilômetros da Terra nos interessam. Os astrônomos os estão descobrindo todos os dias: mais de 700 já este ano, com um catálogo total de 20.001, anunciou Lindley Johnson, do escritório de coordenação de defesa planetária da Nasa, criado em 2016.

Entre os que mais apresentam riscos estão, por exemplo, uma rocha chamada 2000SG344: com cerca de 50 metros de diâmetro e uma chance em 2.096 de colidir com a Terra dentro de 100 anos, segundo a ESA. A maioria é menor, mas 942 têm mais de um quilômetro, segundo o astrônomo Alan Harris, que informou à plateia que alguns grandes asteroides provavelmente ainda estão escondidos no céu: "A maioria está estacionada atrás do Sol".

São principalmente os telescópios americanos, no Arizona e no Havaí, que os detectam. A ESA instalou um telescópio na Espanha e planeja outros no Chile e na Sicília. Muitos astrônomos pedem um telescópio no espaço, já que, da Terra, não se pode ver os objetos do outro lado do Sol. O próximo exercício de simulação terá lugar em 2021 em Viena.


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