Novo governo de direita e extrema direita toma posse na Áustria

Novo governo de direita e extrema direita toma posse na Áustria

Volta do pártido ao poder dá asas a seus aliados nacionalistas europeus

AFP

Novo governo de direita e extrema direita toma posse na Áustria

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O novo governo de coalizão entre conservadores e ultradireitistas dirigidos pelo jovem conservador Sebastian Kurz, de apenas 31 anos, prestou juramento na Áustria nesta segunda-feira. Kurz foi empossado com a promessa de manter uma política pró-europeia, apesar dos temores de seus sócios e dos protestos de milhares de pessoas que se manifestaram em Viena.

O mais jovem dirigente do mundo foi empossado pelo chefe de Estado, o ambientalista Alexander Van der Bellen, junto ao vice-chanceler Heinz-Christian Strache, líder do FPÖ, esquerda radical. Van der Bellen pediu à coalizão de Kurz de "respeite a história austríaca, suas páginas positivas, assim como suas páginas sombrias", e que respeite também "os direitos das minorias e dos que pensam diferente".

O gabinete de 13 ministros possui seis pastas-chave que ficarão para o Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), seu aliado de extrema-direita. Perto do palácio presidencial, milhares de pessoas se manifestaram contra a presença do FPÖ no governo, exibindo cartazes onde se podia ler "Nazistas fora!", ou "Morte ao fascismo!".

Depois de dois meses de negociações, o FPÖ, que ficou em terceiro nas eleições, obteve três ministérios importantes - Interior, Defesa e Relações Exteriores - e o posto de vice-chanceler para seu líder de bancada, Heinz-Christian Strache, de 48 anos, que compara a imigração a uma "invasão em massa" e diz que "o Islã não tem lugar na Áustria". O partido de Heinz-Christian Strache é uma das formações mais antigas da extrema direita na Europa. No início dos anos 2000, foi aliado dos conservadores na coalizão dirigida por Wolfgang Schüssel, o que provocou semanas de manifestações em Viena em sinal de protesto.

Concluído no sábado, o acordo de governo não provocou, porém, grandes reações em nível europeu, onde os partidos populistas e hostis à imigração se fortaleceram nos últimos tempos. "A situação talvez seja diferente da anterior, em 2000. Mas a presença da extrema-direita no poder nunca é insignificante!", assinalou o comissário europeu, o socialista francês Pierre Moscovici.

A volta do FPÖ ao poder dá asas a seus aliados nacionalistas europeus, depois de um ano de 2017 marcado pelos bons resultados da extrema direita na França, Alemanha e Holanda. O partido de Strache conseguiu deixar sua marca na agenda do novo gabinete, pois o endurecimento da política migratória - principalmente com a restrição das ajudas sociais aos estrangeiros - é uma das prioridades do Executivo.

O novo governo reivindica "um compromisso europeu claro", e seu programa também inclui reduções de impostos, ajudas às famílias e aposentadorias menores, assim como medidas para simplificar a burocracia. E, apesar de o FPÖ ser uma sigla tradicionalmente eurocética, aceitou que não será perguntado aos austríacos sobre uma eventual saída do país da UE.

Para tranquilizar seus sócios europeus, Kurz, o atual chanceler dentro de uma coalizão com os social-democratas, também conservará o controle das questões europeias. A Áustria presidirá a UE no segundo trimestre de 2008, e Kurz viajará nesta terça-feira para Bruxelas. Lá, reúne-se com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e com o do Conselho Europeu, Donald Tusk.

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