OMS pede suspensão da venda de mamíferos selvagens vivos em mercados por riscos sanitários

OMS pede suspensão da venda de mamíferos selvagens vivos em mercados por riscos sanitários

Medida ocorre devido aos riscos de transmissão ao ser humano de novas doenças infecciosas.

AFP

Agência disse que pelo menos oito países são afetados na Europa

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Várias organizações internacionais, incluindo a OMS, pediram nesta terça-feira (13) a suspensão no mundo inteiro da venda de mamíferos selvagens vivos nos mercados de alimentos. A medida ocorre devido aos riscos de transmissão ao ser humano de novas doenças infecciosas.

"Os animais, em particular os animais selvagens, são a fonte de mais de 70% de todas as novas enfermidades infecciosas nos humanos, muitas delas provocadas por novos vírus", destacam em um comunicado a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, na sigla em inglês).

A transmissão ao ser humano do vírus da Covid-19 por esta via é uma das hipóteses preponderantes dos especialistas que trabalham para a OMS. Em seu recente relatório sobre as origens da doença, os especialistas destacaram que um mercado de Wuhan - a metrópole chinesa em que foram registrados os primeiros casos - parece ter sido um dos pontos mais importantes de propagação da pandemia no fim de 2019. Desde então, a doença se espalhou por todo o mundo e provocou mais de 2,93 milhões de mortes, segundo um balanço da AFP atualizado na segunda-feira.

Além da suspensão das vendas, as organizações internacionais pedem normas aperfeiçoadas de higiene e saneamento nestes mercados tradicionais para reduzir tanto a transmissão do animal para o ser humano como o contágio entre comerciantes e clientes. Também recomendam normas para controlar a criação e a venda de animais selvagens nos mercados para o consumo humano.

As organizações solicitam ainda que os inspetores veterinários sejam treinados para aplicar as novas normas, assim como o reforço dos sistemas de vigilância para detectar rapidamente novos patógenos e planejar campanhas de informação e conscientização para os comerciantes e os clientes.

Um grande perigo

Há um risco de transmissão aos humanos que entram em contato com a saliva, o sangue, a urina, o muco, a matéria fecal ou outros fluidos de um animal infectado, destacam as três organizações. Elas explicam que o risco de tocar uma superfície contaminada aumenta o perigo.

As zoonoses - doenças ou infecções naturalmente transmissíveis dos animais vertebrados ao ser humano - constituem uma grande proporção do conjunto de doenças infecciosas recentemente identificadas, assim como de varias enfermidades existentes.

"Algumas doenças, como o HIV, começam como zoonoses, mas depois se transformam em cepas encontradas apenas no homem. Outras zoonoses podem provocar surtos recorrentes, como o ebola e a salmonelose. Outras, como o novo coronavírus, têm potencial para causar pandemias globais", afirma a OMS em seu site.

Este tipo de mercado não é exclusivo da China. "Os mercados tradicionais têm um papel central no abastecimento de alimentos e trabalho (de muitas pessoas). Proibir a venda destes animais pode proteger a saúde das pessoas, tanto das que trabalham como das que compram!", destaca o comunicado conjunto.

Os mercados de Wuhan, no centro da China, eram alimentados por várias fazendas onde o novo coronavírus, inicialmente e provavelmente hospedado por um morcego, pode ter sido transmitido para um animal intermediário.

Esta é a teoria privilegiada pelo grupo de especialistas internacionais e chineses designados para descobrir a origem da pandemia. O animal intermediário, caso tenha sido o responsável, ainda não foi identificado. Também são examinadas outras teorias, como a transmissão de carne congelada de animais selvagens.

Parte da comunidade internacional, que considera que a equipe conjunta não teve condições de trabalhar com total independência e transparência na China, deseja mais investigações sobre uma possível fuga do vírus de um laboratório de Wuhan.


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