ONU alerta que efeitos da pandemia no consumo de drogas vão durar anos

ONU alerta que efeitos da pandemia no consumo de drogas vão durar anos

Pandemia acentuou "fatores conhecidos de incentivo ao uso de drogas", diz relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Cri

AFP

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A pandemia da Covid-19 aumentou o consumo de drogas, ao mesmo tempo que fomentou o cultivo ilícito de papoula para a produção de ópio, o que poderia ter repercussões por "anos", advertiu a ONU nesta quinta-feira (24). "Os mercados de drogas ilícitas foram retomados rapidamente após as perturbações iniciais no início da pandemia", escreveu o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) em seu relatório anual.

O Afeganistão, que produz mais de 80% do ópio mundial, registrou um aumento de 37% na superfície de terra usada para seu cultivo, muitas vezes a única opção para estudantes desocupados ou trabalhadores desempregados devido à crise de saúde.

Problemáticas acentuadas

Ao mesmo tempo, o coronavírus acentuou "as desigualdades, a pobreza e os problemas de saúde mental em todo o mundo, todos fatores conhecidos de incentivo ao uso de drogas", enfatiza o documento. Cerca de 275 milhões de pessoas em todo o planeta consumiram drogas no ano passado, em comparação com 269 milhões em 2018.

A maioria dos países relatou um aumento no uso de cannabis durante a pandemia, de acordo com o relatório, e observou que os jovens a viam como menos perigosa para a saúde, "apesar das evidências de que traz riscos". O uso sem fins terapêuticos de produtos farmacêuticos também aumentou, enquanto o abandono da vida noturna reduziu o uso da cocaína.

Métodos diversificados

A pandemia também teve impacto nos circuitos de distribuição, que se tornaram mais "inovadores". O "tráfico de rua" deu lugar a "métodos sem contato, como compras online e entregas por meio do serviço postal ou mesmo por drones".

Pequenos Avanços

Entre os poucos avanços positivos observados pelo UNODC, a superfície das plantações de coca caiu 5% em 2019 graças aos esforços da Colômbia, o maior produtor mundial de cocaína. O governo conservador do presidente Iván Duque, no poder desde 2018, avançou na destruição dessas plantações, que alcançaram o recorde de 171 mil hectares em 2017.

Diversificação das cadeias produtivas

Porém, graças a um melhor rendimento, a produção mundial continuou a registrar recordes, atingindo 1.784 toneladas em 2019, o dobro de 2014, em um contexto de "diversificação das cadeias produtivas na Europa", fenômeno que "baixa os preços e aumenta a qualidade".

O relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, que é uma "avaliação preliminar", se baseia nas informações coletadas pelo Escritório com as respostas recebidas dos Estados-membros, de suas próprias agências e da análise de fontes abertas, meios de comunicação e relatórios institucionais.


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