Opositores preparam marcha para exigir entrada de ajuda humanitária na Venezuela

Opositores preparam marcha para exigir entrada de ajuda humanitária na Venezuela

Guaidó acusou militares de "crime contra a humanidade" ao impedir entrada de alimento

AFP

Fronteira entre Colômbia e Venezuela estava fechada desde 22 de fevereiro

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Os opositores venezuelanos, convocados por seu líder Juan Guaidó, se preparam para marchar nesta terça-feira a fim de exigir aos militares que desconheçam a ordem do presidente Nicolás Maduro de impedir a entrada de ajuda humanitária americana. Guaidó, reconhecido por 50 países como presidente interino, convocou manifestações em todo o país quando será celebrado o Dia da Juventude "para enviar uma mensagem" à Força Armada.

"Vamos nos mobilizar em todo o país pra conseguir a entrada da ajuda humanitária que permita atender a crise", expressou o também chefe do Parlamento, de maioria opositora. Alimentos e remédios enviados pelos Estados Unidos permanecem desde quinta-feira em um centro de armazenamento na cidade de Cúcuta, na Colômbia, perto da ponte fronteiriça Tienditas, bloqueada por militares venezuelanos com dois contêineres e uma cisterna.

Versões da imprensa assinalam que o governo enviou forças policiais de elite para Táchira, estado fronteiriço com a Colômbia, às vésperas da marcha. A mobilização opositora também homenageará os falecidos - 40, segundo a ONU - durante distúrbios ocorridos desde 21 de janeiro.

A assistência humanitária concentra esta semana a sua ofensiva para conseguir que "acabe a usurpação, (haja) um governo de transição e eleições livres". "Vamos continuar mobilizados para salvar vidas com a ajuda humanitária", disse o opositor Juan Guaidó, que conta com o apoio de Estados Unidos e um crescente respaldo da União Europeia e da América Latina.

A sua equipe de colaboradores em Washington organiza para quinta-feira uma conferência internacional na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA) para "sensibilizar" governos, organismos multilaterais, empresas e ONGs sobre a ajuda para a Venezuela. Segundo a oposição, mais de 20.000 voluntários se inscreveram para colaborar no processo de entrada da ajuda. De acordo com Guaidó, nos próximos dias serão abertos outros centros de armazenamento no Brasil e em uma ilha caribenha a definir.

Tentando fissurar a Força Armada, o líder opositor advertiu aos militares que impedir a entrada de alimentos e remédios é um "crime contra a humanidade". Não obstante, a cúpula militar continua professando "lealdade absoluta" a Maduro. No domingo, a Força Armada iniciou cinco dias de exercícios em todo o país para enfrentar uma eventual invasão dos Estados Unidos. "Não haverá império que se atreva a tocar o território da Venezuela", assegurou o presidente socialista, Nicolás Maduro, ao inaugurar as manobras.

Na sexta-feira, em entrevista à AFP, Guaidó advertiu que fará "o necessário" para conseguir que "acabe a usurpação" e "salvar vidas", sem descartar que o Parlamento autorize a intervenção de uma força estrangeira. Os Estados Unidos propuseram ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução sobre a Venezuela no qual pede que facilite a ajuda humanitária e se comprometa a eleições presidenciais, um texto ao qual a Rússia se opôs, segundo fontes diplomáticas.


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