Papa levanta segredo pontifício sobre agressões sexuais

Papa levanta segredo pontifício sobre agressões sexuais

Vaticano anunciou revelação sobre processos relacionados aos crimes

AFP

Pontífice da mais um passo no combate aos abusos na Igreja católica

publicidade

O Papa Francisco levantou o segredo pontifício sobre as denúncias de abusos sexuais, bem como sobre os processos e vereditos relacionados a esses crimes, anunciou nesta terça-feira o Vaticano. O Pontífice dá, assim, mais um passo na luta contra os abusos sexuais cometidos na Igreja católica, eliminando qualquer ambiguidade sobre o alcance do segredo pontifício.

As "instruções" assinadas pelo Papa visam "especificar o grau de confidencialidade com o qual é preciso tratar as informações e denúncias sobre os abusos sexuais" cometidos por religiosos, explica o arcebispo Juan Ignacio Arrieta, membro do Conselho Pontifício de Textos Legislativos, citado em um comunicado de imprensa do Vaticano.

Mais direto, Giuseppe Dalla Torre, ex-presidente do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano, afirma que "o Papa Francisco abole o segredo papal para casos de abuso sexual", segundo o mesmo comunicado à imprensa. O sigilo pontifício, também chamado de segredo do Papa, é uma regra de confidencialidade que protege informações confidenciais relacionadas ao governo da Igreja universal, de acordo com a definição do site Le forum catholique.

"Em essência, as razões que levaram o legislador eclesiástico a introduzir, entre os assuntos sujeitos ao sigilo pontifício, os crimes mais graves" como agressão sexual "cederam diante de valores considerados hoje mais elevados e dignos de proteção especial, como a primazia do ser humano ferido", acrescenta Dalla Torre.

Mesmo levantando o segredo pontifício, Francisco impôs um mínimo de atenção, exigindo que "as informações" desses casos sejam "tratadas de maneira a garantir a segurança, a integridade e confidencialidade (...) a fim de proteger a boa reputação, imagem e privacidade de todos os envolvidos". Isso não significa censura, ressalta o Papa: "nenhuma obrigação de silêncio em relação aos fatos em questão pode ser imposta àqueles que os denunciam, à pessoa que afirma ser a vítima e às testemunhas", assegura Francisco.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895