Parlamento aprova lei contra Brexit sem acordo, e Boris Johnson pede eleições antecipadas

Parlamento aprova lei contra Brexit sem acordo, e Boris Johnson pede eleições antecipadas

Primeiro-ministro defendeu que o Reino Unido deixe a União Europeia em 31 de outubro sob quaisquer circunstâncias

AFP e Correio do Povo

Premiê sofreu nova derrota

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Os deputados britânicos adotaram nesta quarta-feira uma lei que obriga o governo a pedir um novo adiamento do Brexit, hoje previsto para 31 de outubro, caso não se chegue a um acordo com Bruxelas nas próximas semanas. O texto, que ainda deve ser ratificado pela Câmara Alta do Parlamento e promulgado pela rainha Elizabeth II, recebeu 327 votos a favor e 299 contra na terceira rodada, um novo golpe para o primeiro-ministro Boris Johnson, contrário a uma nova prorrogação. Na sequência, ele submeteu à votação sua proposta de eleições antecipadas em 15 de outubro.

Johnson disse ao parlamentares que "o país deve agora decidir se o líder da oposição, ou eu, vai às negociações em Bruxelas em 17 de outubro para resolver isso". "Porque todos saberão que, se o Sr. (Jeremy) Corbyn fosse o primeiro-ministro, ele imploraria por uma extensão, ele aceitaria o que Bruxelas exigisse e teríamos anos mais hesitações e atrasos, mais argumentos sobre o Brexit e nenhuma resolução para a incerteza que atualmente atormenta este país e nossa economia".

Em discurso, ele reiterou que, "sob quaisquer circunstâncias, este país deixará a UE em 31 de outubro" e criticou a maneira como os deputados votaram nesta quarta. "É um projeto de lei que dá controle à União Europeia sobre a situação. Ele exige uma extensão pelo menos até o próximo ano, e talvez muitos outros anos, e um projeto de lei que insiste em que a Grã-Bretanha aceite as exigências de Bruxelas. É um projeto de lei destinado a derrubar o maior voto democrático da nossa história, o referendo de 2016. Hoje (o Parlamento) votou para parar, para atrapalhar qualquer negociação séria", argumentou.

Por fim, o premiê afirmou que foi uma "uma grande negligência" dos representantes do povo. "É um projeto de lei sem precedentes na história desta Câmara que busca forçar o primeiro-ministro com uma carta pré-elaborada a se render nas negociações internacionais. Está claro que há apenas um caminho a seguir para o país. A Câmara votou repetidamente para deixar a UE e, no entanto, também votou repetidamente para adiar a saída".

Oposição só aceita eleições após promulgação da lei

O Partido Trabalhista anunciou que vai se abster na votação desta noite para um pleiti antecipado. De acordo com a Lei dos Parlamentos, é preciso que dois terços dos parlamentares apoiem a moção para que uma eleição seja convocada. A Secretária Sombra de Relações Exteriores, Emily Thornberry, admitiu em entrevista ao Sky News que o Partido Trabalhista não tem uma visão precisa sobre exatamente quando quer que isso ocorra. "Queremos a eleição geral depois de termos resolvido a questão de uma saída sem acordo ... Não posso precisar exatamente em que data será", disse. 

O líder da oposição, Jeremy Corbyn, garantiu que só admite falar sobre o tema quando a proposta de lei aprovada nesta quarta-feira entrar em vigor. O trabalhista criticou a fala de Johnson e disse que sua sua sucessora, Theresa May, pelo menos fez discursos detalhados. "Este primeiro-ministro afirma que ele tem uma estratégia, mas não pode nos dizer o que é, (...) e também não pode contar à UE. Realmente não há absolutamente nada lá. Se ele tem um plano de Brexit, ele deve apresentá-lo ao público em um referendo ou em uma eleição geral".


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