Partido Comunista da China aprova resolução que reforça o poder de Xi Jinping

Partido Comunista da China aprova resolução que reforça o poder de Xi Jinping

Decisão prepara o campo para o terceiro mandato do presidente

AFP

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Os principais líderes do Partido Comunista da China aprovaram nesta quinta-feira uma resolução sobre os 100 anos de história do movimento político, que reforça o legado do presidente Xi Jinping entre os ícones do regime. Xi presidiu desde segunda-feira uma sessão plenária com 350 membros do Comitê Central do partido que governa a China

O poderoso comitê, o "Parlamento" do Partido Comunista, aprovou a resolução sobre as "Grandes Conquistas e Experiência Histórica da Centenária Luta do Partido", o terceiro documento do tipo nos 100 anos da formação. O comunicado final publicado pela agência estatal de notícias Xinhua pede a defesa "da visão correta da história do partido" e afirma que "o PC escreveu o épico mais magnífico em milhares de anos de história da nação chinesa".

Em um país onde a história é utilizada tradicionalmente para legitimar o poder, Xi aproveitou a resolução para se apresentar como herdeiro inquestionável do regime. Desde sua chegada ao poder em 2012, "o socialismo chinês entrou em uma nova era", afirma o comunicado.

O "pensamento" do homem forte de Pequim é a "quintessência da cultura e da alma chinesas", completa o texto. O documento pede "a todo o partido, todo o exército e pessoas de todos os grupos étnicos que se unam ao redor do Comitê Central com o camarada Xi Jinping como seu eixo".

O poder de Xi

A plenária deste ano prepara o caminho para o XX congresso do Partido Comunista, no qual se espera que Xi Jinping assuma um terceiro mandato à frente do governo. Isso transformaria no líder mais poderoso da China desde Mao Tsé-Tung (1949-1974). Durante o século de existência, o Partido Comunista da China só havia adotado duas resoluções sobre sua história, cada uma delas antes do início de um novo capítulo político.

A primeira, de 1945, reforçou a autoridade de Mao Tsé-Tung quatro anos antes da chegada ao poder dos comunistas. A segunda, em 1981, concedeu a Deng Xiaoping a oportunidade de deixar para trás o maoismo, ao reconhecer os "erros" de Mao, em um momento de lançamento de grandes reformas econômicas.

Com a aprovação da terceira resolução, Xi Jinping segue os passos dos dois ilustres antecessores com o objetivo de escrever um novo capítulo com seu nome. No comunicado oficial, Mao é mencionado sete vezes, Deng cinco e Xi 17.

Analistas consideram que a resolução ajudará Xi a consolidar ainda mais seu poder ao definir sua visão sobre a China antes do congresso do próximo ano.

"O partido reescreve seu passado para preparar o futuro ao redor de Xi Jinping. Vamos assistir uma forma de lei do silêncio ainda maior sobre as horas obscuras da história", afirma o sinólogo Jean-Pierre Cabestan, da Universidade Batista de Hong Kong.

Mais firme diante do mundo

O período de Xi é marcado pela guerra contra a corrupção, políticas repressivas nas regiões de Xingjiang, Tibete e Hong Kong, e uma abordagem cada vez mais assertiva pelas relações internacionais. Ele também criou um culto a sua liderança que acabou com as críticas, erradicou seus rivais e introduziu a própria teoria política aos estudantes.

A Xinhua classificou esta semana Xi Jinping como "sem dúvida a figura central a traçar o curso da história". A reunião plenária coincidiu com uma intensa atividade diplomática.

Pequim e Washington anunciaram um inesperado acordo climático na COP26 de Glasgow, no que pareceu aliviar as tensões entre as duas potências, e uma reunião entre Xi Jinping e o presidente americano Joe Biden por videoconferência deve acontecer em breve.

Mas o presidente chinês advertiu, ao mesmo tempo, para o retorno de tensões da época da Guerra Fria na região Ásia-Pacífico. "As tentativas de traçar barreiras ideológicas ou formar pequenos círculos com base na geopolítica estão condenados ao fracasso", disse em uma conferência empresarial virtual paralela à reunião de cúpula do fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) organizada pela Nova Zelândia.


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